O RENASCIMENTO POSSÍVEL
Que não há nada de novo no mundo bem o sabiam os sábios antigos. Assim, embora surpreendente para quase todos, a nossa velha companheira de todos os dias, a morte, abriu a porta da casa e se sentou no sofá através de um vírus que, nem sequer, é novidade, pois, através dos tempos, já teve mais de 150 mutações. E a morte, que está longe de ser a representação dela, que vemos, figurativamente, em geral negra ou um esqueleto carregando uma gadanha (foice), que sempre esteve ao nosso lado, mas, parecia distante, agora participa do nosso cotidiano de forma tão intensa que se banaliza. Apesar de, relativamente, não alcançar dimensões já alcançadas no passado, o medo que causa está bem no presente, nos discursos dos mais ricos, dos que podem se dar ao luxo de não fazer nada, no receio que estimula o fenômeno “fique em casa”, como se ficar em casa livra-se alguém do vírus ou da morte. É humano e compreensível: os homens pretendem ter poder sobre seus destinos. Bela ilusão que, modernamente, é estimulada pela ciência, outra ilusão que participa do atual balé das tolices. Sinto frustrar os iluminados que consideram a quarentena uma solução. Não há controle humano sobre o vírus. É o vírus que está no controle e, pasmem, se sabe muito menos sobre ele do que dizem os “cientistas”, nossos feiticeiros modernos. Pior ainda é que são os interesses e o marketing que nos dizem o que é “científico”. Mas, as discussões tolas estão nos noticiários, nas mídias sociais, nos posts e memes, nas agressões grotescas ou sutis. É hora de pensar que tudo isto é pura bobagem. Como pura bobagem é reclamar dos dirigentes, pedir união ou culpar o capitalismo. É ridículo pensar que, com a crise do vírus, o mundo irá mudar rapidamente ou nos levar a uma inusitada solidariedade. Só a falta de experiência ou de reflexão conduz a esses pensamentos. Esta crise é diferente de outras crises do passado sim, mas, nenhuma crise é igual. A questão é que a crise e a morte sempre estiveram ao nosso lado assim como o poder e a desigualdade. O mundo não é justo, nunca foi e somente será quando houver, se houver, uma igualdade das pessoas sobre o ponto de vista econômico e de educação. No nosso horizonte temporal estamos muito longe disto. Assim é melhor brandir a esperança: logo ali na frente haverá um “novo normal”, que nunca foi normal. Aproveite o tempo que tem. Você que pode ficar em casa, que, talvez, tenha amanhã, pare para repensar seus valores. Definir o que, realmente, deseja da vida. Se nós tivermos esta sorte, e a probabilidade está a nosso favor, no Brasil morreram menos pessoa este ano que no ano passado, procure ser mais tolerante, estudar mais, refletir mais. Um bom começo é pensar que, se você tem razão, o tempo dirá, porém, aproveite para fazer uma verificação se suas ideias correspondem aos seus comportamentos. De vez em quando é indispensável tirar os óculos ou a venda dos olhos. E ver os próprios erros é mais difícil do que os alheios. Posso estar errado, mas, creio na possibilidade do renascimento. Das artes, inclusive, depois desta crise até a próxima.
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A POLITICA VISTA POR UM POETA ( SILVIO PERSIVO
Colaborador do quenoticias.com.br, Silvio Persivo é Economista com Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA, escritor, poeta e professor de Economia Internacional e Planejamento Estratégico da UNIR. E-mail: silvio.persivo@gmail.com