O valor negativo do coringa
Não li as críticas, mas, o filme “O Coringa” estava cercado de muita polêmica, de modo que fiquei ansioso para vê-lo. Todavia, para mim, foi um anticlímax. Sinceramente não gostei nenhum pouco do filme. O filme tem sim um bom roteiro, a fotografia é excelente e muito bem dirigido. Enfim, sob o ponto de vista técnico é um grande filme. Que a atuação de Joaquin Phoenix é genial, também, não resta dúvida. Porém, diga-se a bem da verdade, é muito talento gasto num papel que não honra nenhum grande ator. Horrível também a participação de Robert De Niro. Não sei o que o levou a aceitar um papel tão medíocre. O filme é deprimente. Não sei o que leva alguém a contar a história de Arthur Afleck, um palhaço com transtornos mentais, que mata pessoas, inclusive a própria mãe. Mostrar que na nossa sociedade existem pessoas loucas? Ou que nossa sociedade é injusta e opressiva, daí, transformar pessoas com problemas psicopáticos em assassinos? O filme não tem lições, nem moral. É um filme sem noção feito para uma época sem noção. Um filme que isenta de responsabilidades quem pratica o mal e, ao mesmo tempo, pune de forma indiscriminada quem merece ou não. Enfim, me parece mais uma contribuição para justificar que tudo é mesmo assim, sem jeito e sem remédio. E termina com uma música que diz que a vida é mesmo assim. Claro que não concordo. Ainda mais que a arte, e o cinema é uma arte, deve ser feita para glorificar a vida, para criar grandes momentos, a ilusão de que podemos ser melhores. Por isto o filme é o mais violento que já assisti. Não pelas mortes e sim por glorificar a falta de noção, inclusive, quando cria um assassinato em pleno um programa de televisão ou quando, a partir dos assassinatos num trem, faz de um louco, que mata três pessoas por impulso, o gatilho de um movimento popular anárquico e irreal sob a alegação de que se trata de uma revolta contra a opressão silenciosa dos ricos. É uma inversão monstruosa da civilização sob o pretexto de crítica. Há violências que se justificam ou não. No entanto, nada justifica se glorificar a violência pela violência. A violência é uma coisa natural do homem sim, todavia, só a civilização, com todos os seus problemas, pode por limites aos comportamentos humanos. O filme é corrosivo por ser selvagem, no sentido de querer justificar qualquer coisa, por ser anticivilizatório. De fato usar a figura arquetípica do palhaço, um ícone do riso, para uma paródia lúgubre onde uma pessoa com graves distúrbios se transforma num assassino em série me parece muito mais um incentivo aos loucos de nossa época (que hibernam) para que ganhem seus 15 minutos de fama. Muitas pessoas devem achá-lo maravilhoso por diversos motivos. Não sou psicólogo. Tento conservar o pouco de racionalidade que ainda penso ter. Para mim, é um filme deprê. Uma pena que não tenham feito algo mais proveitoso com tantos recursos e atores maravilhosos.
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A POLITICA VISTA POR UM POETA ( SILVIO PERSIVO
Colaborador do quenoticias.com.br, Silvio Persivo é Economista com Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA, escritor, poeta e professor de Economia Internacional e Planejamento Estratégico da UNIR. E-mail: silvio.persivo@gmail.com