Opiniões

O filósofo Walter Carnielli, no artigo  "Opinião não é argumento" (Página Aberta, Veja, 18/4), comentando a afirmação do crítico italiano Umberto Eco "as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis", apresenta a distinção entre uma "opinião", um pensamento formado a partir de uma crença, sem nenhuma  fundamentação teórica ou prova real, e um "argumento", baseado num fato histórico, no raciocínio lógico ou numa descoberta científica. Que a Terra  é o centro do Universo criado em sete dias,  o espírito existe fora do corpo e o Inferno é o lugar de penas eternas, são apenas opiniões surgidas a partir de escritos em livros considerados sagrados por pressuposta revelação divina. E a maioria do povo continua acreditando nessas fantasias por preguiça de pensar com sua própria cabeça, seguindo o bordão "Maria vai com as outras".

            Com o advento da Internet, usuários se juntam em comunidades de interesse, como torcidas organizadas, fazendo vários tipos de propaganda, especialmente de teor político. Por exemplo, a prisão do ex presidente Lula está sendo vista como perseguição judicial pela turma simpatizante do PT, enquanto uma outra facção a considera como um exemplo para estancar corrupção e impunidade, desejando eleger novo líder. Não se reflete sobre o fato de que nosso problema não é um homem, mas o sistema político-eleitoral, falido há um bom tempo.

            Bastaria observar que as nações mais desenvolvidas do mundo, com o menor índice de desigualdade social, como Suécia, Nova Zelândia ou Canadá, não são governadas por líderes famosos, mas por democracias parlamentaristas. Por que, então, nós continuamos a insistir num regime quase monocrático, sonhando com a volta de um mito, o homem que teve a petulância de se definir como uma "ideia"? Quem precisa de um pastor, tipo Stálin ou Hitler, são ovelhas, não gente bem informada, que não sofre de fanatismo!