OS DESAFIOS DO GOVERNO BOLSONARO
O novo presidente da República, Jair Bolsonaro, possui uma oportunidade única de fazer com que o Brasil avance, realmente, em direção a um futuro melhor. O otimismo que o envolve começa pelo fato de que, ao contrário dos presidentes anteriores, sua ascensão é bem vista pelos principais parceiros e países do nosso país. O comportamento do mercado e a queda do dólar são os sintomas mais evidentes desta visão, mas, já houve manifestações de que os investimentos estrangeiros deverão também aumentar com o novo governo. Neste sentido, a sua sinalização de que pretende negociar com o mundo inteiro, bem como melhorar o ambiente de negócios, inclusive com maior privatização e desburocratização, soa como música aos ouvidos dos empreendedores e investidores nacionais e estrangeiros.
O governo Bolsonaro, no entanto, terá que fazer alguns esforços em áreas que precisam, efetivamente, de uma maior atenção e são importantes instrumentos para a geração de emprego e de renda, bem como fundamentais para iniciar um novo ciclo de desenvolvimento econômico. Claro que a economia surge como prioridade. Sem o controle das contas públicas, sem os recursos para manter as atividades administrativas e os investimentos necessários em infraestrutura, o seu governo terá muito maior dificuldade. Todavia, neste primeiro ano, bastará que tome as iniciativas corretas para que já passe a ter um crescimento mínimo de 3%, o que não é o ideal, mas, o possível no início de governo. O setor financeiro deve merecer atenção especial. Como também o turismo, que tem um imenso potencial, se tratado com o foco que merece. Este ano o substancial aumento de turistas no carnaval já mostrou a força do setor, mas, dados do Conselho Mundial de Viagens (WTTC), demonstram que o turismo tem sido responsável por um em cada cinco empregos gerados no mundo na última década. No Brasil são 2,9 milhões de empregos e 6% do Produto Interno Bruto-PIB, bem abaixo do que representa o setor no PIB Mundial (10,4%). E o Brasil, que possui vantagens competitivas diferenciadas, com um amplo leque de paisagens, clima e cultura para os mais variados perfis de viajantes, pode abocanhar um pedaço muito maior do mercado mundial de turismo. Previsões modestas detectam a capacidade de, em dois anos, criar, pelo menos, 1,8 milhões de empregos e injetar cerca de R$ 10 bilhões no país somente com medidas acertadas, como uma melhor divulgação, desburocratização, redução de impostos para a atração de investimentos no setor. Acrescente-se que, o turismo tem um enorme efeito cascata, por abranger mais de 60 tipos de atividades econômicas, e ainda permitir a utilização de jovens no mercado do trabalho, ajudar na revitalização e conservação dos patrimônios histórico, artístico e cultural. É claro que isto passa também, em determinados locais, como o Rio de Janeiro ou Fortaleza, pelo combate à violência, o que é bem mais complicado. Ocorre que, em outros espaços do Brasil, em particular na Amazônia, bastará um programa de investimentos bem feito, e envolvimento da população em projetos de turismo regionalizados, para se
conseguir aumentar, significativamente, o fluxo de turismo. E o turismo é um indutor de uma necessidade básica do país: uma educação de qualidade. Aliás, espera-se que o governo Bolsonaro faça o que, efetivamente, nunca foi feito na educação: um esforço sério e continuado de melhorar o nível da escolaridade brasileira. Há muito o que ser feito, mas, iniciar um grande esforço na área é essencial e uma tarefa urgente.
(*) É Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª e Professor de Economia Internacional da UNIR.
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Colaborador do quenoticias.com.br, Silvio Persivo é Economista com Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA, escritor, poeta e professor de Economia Internacional e Planejamento Estratégico da UNIR. E-mail: silvio.persivo@gmail.com