Pesquisa da CNI revela – Queremos o mais do mesmo: o candidato que não existe!
Porto Velho, RO – De acordo com a última pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada na última terça-feira (13) o brasileiro sabe exatamente o que quer nas eleições de 2018.
Nada de novo! Isso mesmo, absolutamente zero novidades, só o mais do mesmo.
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Eleitor quer candidato crente em Deus, honesto, com experiência e de origem pobre
Levo em conta ao proclamar tal constatação o perfil exigido pelas pessoas ouvidas no levantamento. O eleitor deseja candidatos crentes em Deus, honestos, com experiência político-econômica e de origem pobre.
“De acordo com a pesquisa, apesar de a maioria dos brasileiros não apontar como importante que os candidatos sejam da sua religião, 79% dos entrevistados disseram que preferem candidatos que acreditem em Deus”.
Ainda impera nas plagas tupiniquins a velha máxima de que um cidadão decente só é forjado se emoldurado a ideias sacrossantas e concepções transcendentais, como se os nossos maiores problemas não estivessem encarnados em matéria palpável. Há gente que não concebe a distinção simples de certo e errado como ponto primordial na construção do caráter; talvez por isso essa busca incessante pelo paranormal a fim de respaldar nossas ações e justificar o comportamento alheio esteja tão longe de terminar.
Claro, crer em Deus não é defeito, longe disso, mas, honestamente, não confere qualidade a quem quer que seja – principalmente aos que professam com o dedo em riste à fuça dos outros esquecendo os próprios passos trôpegos e cambaleantes. É por isso que você vê picaretas ocupando espaço nas televisões – concessões públicas – vendendo canetas “ungidas” a R$ 100,00 cada ou bíblias besuntadas e não dá um pio a respeito.
A honestidade, obviamente, também tinha de estar elencada entre os pontos exigidos pela sociedade. Precisamos falar sobre como somos íntegros e continuar fingindo que não compreendemos os políticos como extensão de nossa própria moral ruída. No Brasil a retidão é característica conservada em discursos e por isso não pode ser subentendida. Logo, torna-se critério em pesquisas como se alguém fosse responder “Ah, eu gostaria, em primeiro lugar, que o candidato fosse desonesto, jogasse sujo, roubasse bastante e, de quebra, batesse na própria mãe como ‘cereja do bolo’. Aí sim eu voto!”.
Vamos e viemos: é uma regra abstrata, café-com-leite – definitivamente só vale da boca para fora. E a tal da origem pobre também é outra calhordice e não merece maiores digressões.
Experiência política é outro critério relativo. Econômico, então, nem se fala. O que conseguimos perceber nos últimos anos é a perpetuação de uma casta no Poder com envolvimentos cíclicos e enredos semelhantes em casos de corrupção ou, quando não, de inércia total e omissão. Estamos falando desse tipo de experiência política?
Economicamente também é viável para homens públicos experientes com, por exemplo, três décadas ininterruptas de mandato, embolsar gordos salários cheios de penduricalhos. E para não soar como o tipo que abandona os seus, paralelamente, claro, contribuir com causas familiares através do bom e velho nepotismo.
É mais ou menos assim que um pretenso candidato se amolda às exigências populares reveladas pela pesquisa?
Será que algum rondoniense desejaria o retorno de certo deputado ao Congresso Nacional mesmo após a condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) no escândalo da Máfia dos Sanguessugas? Sabemos publicamente se tratar de homem que acredita em Deus, é um político experiente, provavelmente entenda alguma coisa ou outra sobre economia e é hones... opa, aí não é pra tanto.
Ou quem sabe promover mais uma vez a manutenção de outra figura cristã no Legislativo? Que mal há que tenha sido flagrado à época da Operação Termópilas recebendo dinheiro em caixa de sapato das mãos de um assessor do ex-presidente da Assembleia (ALE/RO)?
Falando em ex-presidente da ALE/RO é preciso recordar, tirando todas as condenações e o próprio cumprimento de pena, que em 2011 este promoveu a "transformação" de quase todos os pastores da Assembleia de Deus em cidadãos honorários do Estado, logo, verdadeiro homem temente a Deus, mas que ruiu por intempéries aleatórias da vida, digamos assim...
Reiterando que consideramos aqui a honestidade como critério opcional, está claro que nós queremos o mais do mesmo com a permanência ou retorno desses pretensos arautos da cristandade em carne, osso, terno e gravata.
Levando isso em conta, talvez fosse melhor deixar de fora gente preparada, religiosa (por que não?) e estudiosa em várias áreas, já que não carrega consigo o carreirismo exigido para alcançar o critério de experiência política pontuado pela pesquisa CNI.
E como disse outro homem de fé “ilibadíssimo” e experiente – hoje encarcerado no Paraná:
“Que Deus tenha misericórdia desta Nação!”
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POR: VINICIUS CANOVA