Plano de ação + Bolsonarismo rachado + Decisão salomônica + Agronegócio é forte

18 de maio de 2022 262

Plano de ação

Quando o cacique Biraci Brasil, do povo Yawanawá, sacudiu a mídia paulista afirmando que “os problemas da Amazônia são do povo brasileiro, e não só dos índios”, poderia ter dito, com a mesma sabedoria, que os problemas da Amazônia são problemas do mundo. O grupo francês Vinci, que na sexta rodada de concessões levou o bloco Norte I, formado por sete aeroportos na região, parece entender a situação dessa forma.

Não importando se é francês, russo, chinês ou marciano, o capital que o Brasil precisa para investimentos em infraestrutura não pode ficar afastado por melindres falsamente “ideológicos” ou “nacionalistas”. A Vinci Airports, por exemplo, anunciou investimentos de R$ 2 bilhões em Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima, mas não se limitou a isso: prometeu lançar um plano de ação ambiental na Amazônia, além do emprego de energia solar e um programa para captura de emissões do gás de efeito estufa nos aeroportos que administra em 12 países.

Tendência do capitalismo esclarecido, contrapondo-se ao negativismo iliberal, que à moda dos avestruzes enterra a cabeça na areia para não ver as desgraças ao redor, os novos e desafiadores tempos exigem empresas e líderes empenhados não só em lucrar e virar as costas para os problemas das regiões nas quais se estabelecem. Sabem que é preciso participar ativamente da busca de soluções, que também não beneficiarão só os índios.  

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Bolsonarismo rachado

Eu sempre lembro que política não é uma ciência exata, mas em alguns casos é possível fazer as contas e botar para funcionar a matemática aplicada. Vejam só, Rondônia é um estado de maioria bolsonarista (menos Porto Velho, com um terço do eleitorado rondoniense), mas o segmento está se fragmentando em tantas candidaturas a Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados, Senado e ao governo do estado, que a oposição pode nutrir alguma esperança de chances se aproveitando desta situação. Os bolsonaristas estão raivosos até entre si na disputa por espaço.

Peleja ao governo

Na disputa ao governo de Rondônia o bolsonarismo está dividido em três blocos. Nesta situação fica difícil o segmento emplacar dois candidatos ao um previsível segundo turno. Vem aí uma guerra de cego em tiroteio entre o governador Marcos Rocha (União Brasil) e Marcos Rogério (PL) onde deve sobreviver apenas um para o segundo turno. No meio desta guerra também tem Leo Moraes que também tem se comportado como bolsonarista. O fracionamento do eleitorado governista indica que a oposição –a Frente de Esquerda – pode desembarcar no segundo turno com seu candidato, seja quem for, Daniel Pereira, por exemplo, que terá as bênçãos de Lula.

Os prejuízos

Mais os prejuízos bolsonaristas em vista dos rachas são em todos os níveis em Rondônia. A neobolsonarista Mariana Carvalho, possivelmente candidata ao Senado, mesmo ungida pelo filho do presidente Jair Messias, senador Flavio Bolsonaro é tratada pelo segmento raiz do partido como uma odiada “comunista”, uma espécie de Égua de Tróia do comunismo dentro do sagrado bolsonarismo rondoniense. A ala ultradireita liderada por Jayme Bagatolli e o deputado federal Chrisóstomo, tratam os novos filiados aos partidos da base do presidente como verdadeiros “inimigos” a serem combatidos. São taxados de desonestos e oportunistas, como falam de Mariana.

Decisão salomônica

Por enquanto fica assim a pendenga no Partido Liberal, onde o senador Marcos Rogerio rejeitava a candidatura do empresário Jayme Bagatolli ao Senado. Bagatolli será o postulante pelo PL, com apoio da família Bolsonaro, e não vai se importar se Marcos Rogério, por um compromisso de lealdade, apoie Expedito Junior para o Senado, embora o ungido do governadoravel esteja filiado ao PSD. Assim Marcos Rogerio não ficará mal com os Bolsonaros e tampouco sua amizade com Expedito Junior será abalada, já que ele foi seu grande aliado nas eleições de 2018.

Uma demonstração

A exposição recente em Cacoal mostrou o quanto o agronegócio é forte em Rondônia, impulsionando o estado como um foguete na economia. A agropecuária, movida por um rebanho de mais de 16 milhões de cabeça, as lavouras da soja, do milho e arroz, a exploração da madeira e de minérios agem como mola propulsora. A bem da verdade o segmento pesqueiro não está bem das pernas, precisa ser revitalizado. A partir de agora com as feiras nos principais polos regionais do estado a coisa anda e até o setor hoteleiro muito prejudicado na pandemia prospera.

 

Via Direta

 

*** O deputado estadual Geraldo da Rondônia (PSC-Ariquemes) segue protagonizando pendengas por onde passa.  Desde Abuso de poder, assédio moral e sexual são as acusações pendentes na Comissão de  Ética da Assembleia Legislativa de Rondônia que não age para puni-lo *** Uma das presenças mais importantes no encontro estadual do PL, denominado Filia Rondônia, no final de semana em Ji-Paraná, foi do ex-governador José Bianco, que pendurou as chuteiras na disputa de cargos eletivos, mas firmando apoio ao senador Marcos Rogério, representante de Ji-Paraná  na disputa do CPA *** Os concorrentes também se prepararam para uma grande largada. De um lado o governador Marcos Rocha (União Brasil), de outro o deputado federal Leo Moraes (Podemos) *** A Frente de Esquerda ainda está imobilizada e dividida e só define sua chapa nas convenções de julho.

Fonte: CARLOS SPERANÇA
POLITICA & POLÍTICOS (CARLOS SPERANÇA)

Colunista político do Jornal "DIÁRIO DA AMAZÔNIA", Ex-presidente do SINJOR, Carlos Sperança Neto é colaborador do Quenoticias.com.br. E-mail: csperanca@enter-net.com.br