POR QUE GENERAL TANTO SERVE AO CAPITALISMO QUANTO AO COMUNISMO?

17 de outubro de 2023 161

De repente a figura do “general melancia” tomou conta da discussão pública e repercutiu na mídia. Só para “recordar”,o general “melancia”seria aquele militar que usa a cor verde na farda do Exército por fora,mas por dentro seria “vermelho”,ou seja,de ideologia “progressista”,”comunista”,”marxista”,”socialista”,ou qualquer das suas quase infinitas variantes.

Ora,desde há muito tempo as constituições do Brasil consagram o Presidente da República como  “Comandante Supremo das Forças Armadas”,inclusive a última,em vigor,editada em 1988,através do seu artigo 142.

Mas através da “abertura política” protagonizada pelos últimos governos militares,ou seja,dos Presidentes Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo,em 1985 os militares devolveram o poder aos políticos “tradicionais”,apesar dos alertas desses ex-Presidentes  da “m...” que isso iria dar.                                                                                                                   Geisel afirmou: “Se é a verdade do povo brasileiro eu promoverei a Abertura Politica no Brasil. Mas chegará um ponto em que o povo brasileiro sentirá saudades do Regime Militar.Pois muitos desses que lideram o fim da ditadura não estão visando o bem do povo,mas sim seus próprios interesses”. Figueiredo foi na mesma linha.

Em 1985,numa tumultuada eleição “indireta”,fruto da “abertura”,o Congresso Nacional elegeu o novo Presidente da República ,Tancredo Neves,e o “vice”,José Sarney. Mas antes da posse Tancredo faleceu e assumiu o seu lugar o “vice”,José Sarney,dizem que mediante uma “manobra”(ou golpe) dado pelo então Ministro do Exército, General Leônidas P.Gonçalves,nomeado no governo “tampão” (dele próprio),provisório,de João Goulart,antes de “Jango”assumir definitivamente e confirmar Leônidas no Ministério do Exército.

Com José Sarney,a partir de 1985,os esquerdistas que tinham sido apeados do poder pelo Regime Militar,e que haviam apoiado  a chapa vencedora das eleições indiretas do Congresso em 1985,se “grudaram” no poder como se carrapatos fossem. E não o soltaram mais !!!

Paulatinamente a esquerda foi tomando conta do poder,principalmente após a eleição e posse de Fernando H. Cardoso,um sociólogo,que “mascarou” a sua condição de esquerdista,da social democracia da Escola de Frankfurt,o qual foi eleito na base do prestígio do “Plano Real”,editado quando ele era Ministro da Fazenda de Itamar Franco,e que presidiu o país de 1995 a 2003,entregando a ”coroa”presidencial para um esquerdista “radical”,Lula da Silva,em 2003,o qual governou até 2010.

Muitos garantem que esse “rodízio” da esquerda,uma mais moderada,e outra mais radical,começou no “Pacto de Princeton”,assinado nos Estados Unidos em 1993,por Lula e FHC,com base nas dialéticas de Hegel e Karl Marx,implementando assim a “política das tesouras”,com duas “lâminas” opostas que se encontram ao final,no corte,na “vitória”,no “poder”.

Prosseguindo o “Pacto de Princeton”,em 2010 assumiu a Presidência Dilma Rousseff,do PT,esquerdista radical,que foi reeleita e governou até 2016,quando sofreu “impeachment”,assumindo o “vice”,José Temer.

Portanto a esquerda governou de 1985 até 2018,durante 33 anos,dando uma “pausa” com a eleição de Jair Bolsonaro,que governou de 2019 a 2022,“retornado” a esquerda ao poder com Lula da Silva,em 1ª de janeiro de 2023,numa conturbada e suspeita eleição.

Ora,na condição de “Comandante Supremo das Forças Armadas” é evidente que os presidentes  da república têm poder decisório nas promoções dos militares das Forças Armadas.Negar é “conversa fiada”.

Por esse motivo é certo que hoje a quase totalidade dos comandos militares,inclusive do (poderoso) Alto Comando do Exército, foram promovidos durante os governos de esquerda,moderada ou radical,de 1985 a 2018. É falsa essa história de que o componente “ideológico”não dá a sua presença na escolha dos oficiais do Alto Comando das Forças. Alguém poderia conceber que Lula concordaria com a promoção a general de um militar de “direita”? Ou que Bolsonaro tivesse feito o mesmo com um general de esquerda? Será que a condição política ou ideológica dos militares  poderiam ser mantidas tanto em “segredo”? Que seja “segredo”para o “Comandante Supremo das FA”,que tem a caneta na mão (indiretamente) para assinar as promoções? Por tudo isso a “matemática”favorece a esquerda. São 33 anos de oficiais  nomeados pela esquerda,contra 4 anos de oficiais nomeados pela “direita” (Bolsonaro). Isso sem em contar os mais recentes do novo Governo Lula.

Na verdade os militares,como não são políticos de profissão,”não estão nem aí” para as ideologias políticas. Sobrevivem dos seus vencimentos,igual a qualquer servidor público,ou agente político. Jamais trabalharam na produção econômica,como empresários,empreendedores,profissionais liberais,ou mesmo trabalhadores “CLT”,todos efetivos  “construtores” do PIB,da riqueza nacional. Militar,servidor público e agente político mais “consomem” do que “produzem”o PIB,portanto não sabem,e talvez nem queiram saber,quanto custa construir a riqueza econômica.

Esse deve ter sido o principal motivo da “não-oposição” do Alto Comando do Exército,e das demais Forças,ao resultado das eleições de 2022,apesar dos “senões” apresentados no Relatório das Forças Armadas sobre elas.

Predominaram os “melancias”na aceitação da eleição de Lula,ou seja,de militares promovidos pelos governos esquerdistas,mesmo desprezando o Relatório das próprias Forças Armadas, sobre a eleição de 2022 ?

Sérgio Alves de Oliveira

Advogado e Sociólogo

Fonte: SÉRGIO ALVES DE OLIVEIRA
O CONTRAPONTO

Sérgio Alves de Oliveira