PRESERVAR LAÇOS TRADICIONAIS DE NOSSAS CULTURAS

30 de outubro de 2017 850

Algumas pessoas acabam curtindo costumes do povo norte-americano pelos mais diversos motivos, desde interesses econômicos até por puro modismo ou simples diversão. Um exemplo forte dessa constatação é a comemoração do “Dia das Bruxas”, o popular “Halloween” que ocorre no último dia desse mês.  Embora nada tenha a ver com as  culturas de diversas Nações, mesmo assim, de acordo com recentes pesquisas conduzidas pelo Ministério Público Federal do Brasil, quase metade das escolas públicas da capital de São Paulo o festeja. Em contrapartida, na mesma data, passa quase despercebido, o Dia do Saci-Pererê, consagrado personagem do folclore nacional.

A origem do primeiro remonta às festas pagãs da Idade Média, que celebravam a passagem do outono para o inverno, nas quais imensas fogueiras eram acesas no alto das colinas, para afugentar os maus espíritos. Acreditava-se que as almas dos mortos visitavam a Terra no dia 31 de outubro, razão pela qual as lanternas feitas com abóboras serviam, na verdade, para orientá-los neste retorno terreno durante o Dias das Feiticeiras. Elas foram levadas aos Estados Unidos por imigrantes, principalmente irlandeses e acabaram por influenciar, curiosamente, a solenidade cristã de “All Hallows’Eve” (Dia de Todos os Santos), celebrada em primeiro de novembro. Daí o nome “Halloween” (véspera do Dia de Todos os Santos) indicar a “festa das Bruxas”.

Nessa ocasião, crianças batem às portas das casas dos outros para pedir doces, dizendo “travessuras ou gostosuras?”. Se receberem o que solicitaram, agradecem, mas em caso contrário, jogam papéis ou sujam as frentes das residências. Em nosso país, elas tentam mostrar uma alegria que apesar de não espontânea pelo costume estar fora de nossa realidade, começa a ganhar terreno a cada ano. E está incorporando ao calendário de nossos festejos, o que traz também alegria e diversão.

 No entanto, apesar de aceitar essa situação até por entendê-la o seu caráter festivo e alegre,  surge a questão: por que também não vivenciar a música caipira, o forró, o catererê, o catira, a capoeira, o boi de mamão, a folia dos reis, os folguedos, os sambas de rodas, o pagode e tantas outras manifestações culturais da nossa bela pátria? Talvez este seja o único percurso para recuperarmos nossa nação, tanto econômica como socialmente. Seria interessante que muitos estabelecimentos de ensino, com o mesmo empenho que demonstram ao saudar o dia das bruxas, o façam com nossas tradições.

Nesse sentido, promover ações e iniciativas culturais deve ser uma constante, para de certa forma, combater o que se convencionou chamar, de forma depreciativa, de colonialismo cultural. Isso é atribuído à nossa vulnerabilidade em relação a produtos externos, destacando-se a forte presença cultural entre nós de “Tio Sam”, através de seus filmes, seriados de televisão, literatura, música e agora também de festas típicas. Tal argumento deve ser usado como um estímulo na luta para mudar radicalmente esta realidade, mesmo porque esta mania de copiar eventos estrangeiros às vezes chega a ser degradante e manifestamente absurda.

A cultura é um direito de todos e implantação de realizações na área levando em conta aspectos sociais, regionais, locais, econômicos e políticos, possibilitará atingir a desejada participação da sociedade, respeitando o pluralismo, a diversidade e a integração de todos. Necessitamos assim, manter nossas tradições para que não sejam influenciadas diretamente pelas de outros países, sem quaisquer referências com o nosso passado e o próprio futuro. A não ser que despreocupadamente estejamos perdendo definitivamente a nossa identidade cultural.

 

 

FINADOS

 

 

 

A morte realmente é uma circunstância normal do ciclo da vida, que não devemos temer, ao contrário, necessitamos acolhê-la com serenidade, requerendo para tanto, empenho no progresso de conversão pessoal e no testemunho de realizações fraternas e solidárias. E não adianta recusarmos a sua ocorrência, nem tentar desmistificá-la, pois a nossa passagem por este planeta é breve e exata.

 

 

 

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É presidente da Academia Jundiaiense de Letras (martinelliadv@hotmail.com)