Presidente da CBF alerta clubes sobre paralisação: ‘Pode tornar tudo ainda mais difícil’

14 de maio de 2024 88

Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues fez alerta aos clubes sobre possível paralisação do Campeonato Brasileiro. Em entrevista ao portal "ge", o dirigente afirmou que irá acatar a decisão tomada pelas equipes, mas se mostrou preocupado com os impactos no calendário e na economia do futebol brasileiro.

 Temos um calendário difícil, e a paralisação pode tornar tudo ainda mais difícil - disse o presidente da CBF.

- Primeiro, reitero sempre a nossa solidariedade a todo o povo do Rio Grande do Sul, por tudo o que está passando. Sobre o pedido de paralisação, é interessante que possamos ouvir todos os clubes para definir. Isso envolve calendário, classificação para as competições sul-americanas e até a Intercontinental, caso um clube brasileiro ganhe a Libertadores. Não é tão fácil assim. Mas somos todos democráticos. Depois de colocar todos esses pontos para que eles definam, não tenho como ficar contrário [aos clubes] porque nossa gestão é democrática. Vamos mostrar o contraditório dessa paralisação, mas vamos respeitar a decisão dos clubes - afirmou Ednaldo Rodrigues.

Sobre o posicionamento da CBF, o presidente deixou claro que a entidade é contrária à paralisação do Campeonato Brasileiro neste momento. A decisão será tomada em Conselho Técnico no dia 27 de maio. Além disso, respondeu sobre ações que estão e virão a ser feitas para ajudar os clubes do Rio Grande do Sul.

- Quando a gente constrói uma competição, a gente reúne o Conselho Técnico e ali se decide início, término, quem ascende e quem rebaixa. A CBF tem a prerrogativa de fazer o adiamento (de jogos). Porém, uma paralisação atinge por completo toda a cadeia produtiva do futebol. E aí é interessante que a CBF não tenha uma decisão monocrática, mas sim democrática. Nós sempre temos feito assim.

- Logo quando iniciou toda aquela catástrofe no Rio Grande do Sul, a CBF procurou unir clubes, federações, atletas das seleções feminina e masculina, para não apenas sermos solidários, mas também buscar contribuir para amenizar o sofrimento das pessoas, das vítimas. Fizemos e está dando resultado. Nessa reunião (com os clubes) nós temos que não só falar de calendário, mas também que todos os clubes e todos os Estados possam dar uma contribuição. O Ministro do Esporte [André Fufuca], que também solicitou que houvesse a paralisação... Esperamos que possa haver alguma iniciativa do Ministério, para que coloque recursos que possam amenizar a vida dos entes queridos. E também das reformas de que carecem, de imediato, os estádios do Rio Grande do Sul.

Velório Roberto Dinamite - Ednaldo Rodrigues

Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues se diz contrário à paralisação do Brasileirão (Foto: Armando Paiva/Lance!)

Ednaldo Rodrigues cita ainda possíveis consequências a economia do futebol e aqueles que seriam prejudicados pela paralisação. O presidente da CBF também negou qualquer imunidade esportiva aos clubes afetatos pela tragédia.

- Vamos falar com os clubes, ouvindo todos de forma exaustiva e acatando a decisão da maioria. Mas sempre colocando: "Olha, temos um calendário difícil, e a paralisação de todos vai contribuir para ficar mais difícil ainda". Vou dar só um exemplo do que acontece quando o Campeonato Brasileiro para. No Maracanã, principalmente quando joga o Flamengo, que tem uma média de público alta, emprega ali no momento 1.200 pessoas. Essas pessoas não estão na folha de pagamento do Flamengo. Mas fazem seu trabalho e recebem ali sua cota. Com essa cota dão sustento às suas famílias. Ele sai dali e vai no supermercado comprar os alimentos para que suas famílias não fiquem com fome. Temos que olhar por essa ótica também. Muita gente depende do futebol.

- Essa teoria (de imunidade esportiva aos clubes do Sul) eu não concordo. De imediato eu rechaço. Quando se faz uma competição, se obedece leis e princípios. E as competições têm interdependência umas com as outras. Quatro clubes sobem de divisão, quatro são rebaixados. Quem tem o bônus também tem que ter o ônus. Não se pode dizer "não vai ser rebaixado" se puder ser campeão. Fere os princípios da moralidade.

Fonte: LANCE