*Quero Prévias*
*Se democracia é governo do povo, exercido por seus representantes através de livres eleições, por que a vontade popular não é posta em prática? Ou devemos pensar que agrada à maioria ser governada por políticos corruptos, interessados mais em vantagens individuais ou corporativas, do que em atender ao bem geral da Nação? Se o atual sistema político de presidencialismo de coalizão, com quase trinta partidos, não está funcionando a contento, por que não mudá-lo? Em vista de que nossos parlamentares não estão interessados em promover uma reforma político-eleitoral para valer, cabe à sociedade civil tomar a iniciativa.
Fiquei sabendo pelo artigo na Folha (13/9) /"Prévias para uma frente democrática"/ da existência de uma campanha, lançada há mais de dois anos, com o nome "Quero Prévias". A idéia central seria convocar as forças vivas da Nação para participarem ativamente da vida pública, acabando com o divórcio entre sociedade civil e classe política. O uso de eleições prévias para a escolha de candidatos a cargos públicos há tempo é utilizado nas democracias mais desenvolvidas, especialmente nas que institucionalizaram apenas dois partidos, um de esquerda popular e outro liberal, mais conservador. Se houver um terceiro partido (ou mais) acaba a democracia, pois o partido mais votado pelo povo, não conseguido maioria absoluta, será obrigado a barganhar com partidos nanicos o apoio para governar. Aí está a origem da corrupção generalizada! Um sistema político com apenas dois partidos poderia ter diretórios em todas as cidades, onde os filiados se reuniriam para discutir problemas locais e nacionais, julgando as propostas para sua solução e indicando os candidatos mais idôneos para a disputa de cargos públicos: vereador, deputado, senador, prefeito, governador. O governo nacional seria formado por um Primeiro Ministro escolhido, entre os membros do partido mais votado, pelo Presidente da República. Este seria indicado pelo Congresso Nacional entre uma lista de notáveis não filiados a nenhum partido. Sua função seria apenas representativa, com prazo indeterminado. Diferentemente do Primeiro Ministro, que poderia ser substituído a qualquer momento por falta de honestidade ou eficiência. Dizia Santo Agostinho: "se este e aquele pode ser santo, por que não eu?" Se tantas Nações civilizadas adotam com sucesso o parlamentarismo bipartidarista, por que o Brasil não pode? Até quando seremos escravos da nossa classe política?
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*Salvatore D' Onofrio *
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
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