Reino Unido está com seus dias contados depois da vitória de Boris Johnson

17 de dezembro de 2019 187

Não foi só Boris Johnson que comemorou vitória nas recentes eleições britânicas, realizadas na semana passada. Pelo contrário, o enorme crescimento dos partidos nacionalistas da Escócia e da Irlanda do Norte nas disputas regionais, que ajudaram o líder conservador a estabelecer maioria na disputa nacional com o Partido Trabalhista, pode ser transformar numa enorme dor de cabeça para o futuro.

O resultado eleitoral mostrou um Reino Unido, com os cidadãos dos países periféricos questionando a hegemonia da Inglaterra, e apoiando mais fortemente os partidos nacionalistas. Na Escócia, por exemplo, eles conquistaram 48 das 59 vagas parlamentares.

 

O caso da Irlanda do Norte, é ainda mais complicado: a maioria dos representantes eleitos é favorável à união entre as Irlandas – a do Norte, que pertence ao Reino Unido, e a República da Irlanda. Tal cenário não era visto desde 1921, ano em que o país se dividiu, com a independência da região sul da ilha.

Analistas locais creem que a proximidade do centenário da independência irlandesa pode ser outro fator a alimentar campanhas nacionalistas de reunificação das Irlandas, com a independização da Irlanda do Norte com relação ao Reino Unido. Não por acaso, alguns representantes eleitos já falam em promover um referendo sobre a união das Irlandas, o que poderia desencadear uma situação parecida com a que vive atualmente a Espanha, com relação à Catalunha.

Diante desse cenário, Johnson aceitou que o Brexit já não é mais a única prioridade do novo mandato que ele inicia a partir desta semana: “a essa altura, parece que o governo conservador desta nação única recebeu uma nova e poderosa missão, que é a de uni-la como país e fazê-la avançar”.

Seu grande problema é que sua outra prioridade, que é a execução do Brexit, se choca fortemente com os interesses da Escócia e da Irlanda do Norte, que consideram que sair da Europa vai resultar em grandes perdas econômicas especialmente para as suas regiões, em nome de vantagens que serão percebidas somente pela Inglaterra.

 

O líder do SNP (sigla em inglês do Partido Nacionalista Escocês), Nicola Sturgeon, disse claramente que “Boris Johnson pode ter o mandato para tirar a Inglaterra da União Europeia. Mas ele definitivamente não tem um mandato para tirar a Escócia da União Europeia. A Escócia deve decidir sobre seu próprio futuro”.

Na Irlanda do Norte, a maioria também votou contra deixar a União Europeia.