RELATO DE UM PAI QUE LEVOU AS FILHAS AO LOLLAPALOOZA

8 de abril de 2019 711

O texto foi reproduzido no zap por meu primo, Paulo de Tarso Antunes, futuro prefeito de Paiva, vibrante município mineiro, que ocupa o honroso 853º lugar em densidade demográfica no estado, com estimados 1.535 habitantes (tinha 1.558 em 2010, segundo a FIBGE). 
Mas a publicação só não virou meme porque é meio longa e - diria meu amigo Henrique Nascimento - "é sabido e consabido" que esse povo da Web não suporta mais de 400 toques. Mas é muito bom e divertido. Recomendo a leitura. Diz o autor (desconhecido):

Enquanto você está aí, no conforto do seu combo wifi+ar condicionado, estou aqui no Lollapalooza, em Interlagos. 
Trouxe minhas filhas. 
Devia chamar Longeapalloza. 
Tudo aqui é longe. 
Interlagos é longe. Os palcos são longe. A água, a comida, os banheiros são longe. 
O que esperavam, afinal? 
O lugar foi feito para se ir de um ponto ao outro num fórmula um. 
Como podem exigir que eu vá caminhando?
O público se divide em 2 grandes grupos: meninas de shortezinho jeans e barbudos de gel no cabelo. Alguns barbudos também usam shortezinho.
Estou sentado na grama.
Sinto que a última vez que sentei na grama o continente ainda se chamava Pangeia. 
Um garoto de uns 15 anos ameaçou me ajudar a sentar.
Humilhante. 
Agora começou o show de uma banda cujo nome só tem consoantes. 
Tentei pronunciar e minha filha achou que eu tinha engasgado. 
Sou o único num raio de 30km que nunca ouviu falar deles. 
Dele na verdade. 
Fica o sujeito lá sozinho, pulando e fingindo que mexe nuns botões. 
Se estivesse fazendo um risoto ninguém notaria a diferença. 
Martela os graves e esfrega os agudos na minha orelha. As vozes eletrônicas.
Uma moça, aqui na minha frente, dança fora de controle. 
Me escapa o que leva alguém a dançar assim. 
Estou hipnotizado olhando para a moça dançando. 
Perco a noção do tempo. 
Então percebo que foi a maconha que bateu. 
Não. 
Claro que eu não fumei! 
Em que ano vocês acham que eu vivo? 1974?
Mesmo sendo 2019, a brisa ardida e doce da maconha cobre o lugar desde as 3 da tarde. 
Uma bruma alucinógena.
Demais essa música. 
O telão psicodélico. 
O cara pulando. 
Ainda bem que sou imune aos efeitos da marijuana. 
Agora estou dançando com o vendedor de cachorro-quentes. 
A música alta, o laser, fumaça, o chão que vibra. 
Amanhã acho que venho de shortinho de jeans...

CARLOS HENRIQUE ÂNGELO (BLOG DO CHA)