Renúncia de Zambelli ajuda Motta, mas Congresso continua sob pressão

15 de dezembro de 2025 18

A renúncia da deputada Carla Zambelli (PL-SP) reduziu o peso sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), das decisões que terá de tomar na última semana de trabalho antes do recesso. Ao abrir mão do mandato, a parlamentar interrompeu o processo de sua cassação, que colocou Motta em confronto com o STF. 

Por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente da Câmara teria de confirmar a perda de mandato de Zambelli e nomear o suplente para a vaga. O prazo terminou no sábado e deveria ser cumprido nesta segunda-feira, 15. Neste domingo, 14, ao anunciar a renúncia da parlamentar, Motta comunicou também a convocação do suplente, Adilson Barroso (PL-SP). Com isso, não precisa tomar uma decisão que o colocava entre o STF e a direita da Câmara.

Mas a carga de pressões sobre o Congresso continuará em assuntos que posicionam Motta em outras encruzilhadas. Ele pretende levar a votação o processo de cassação de Alexandre Ramagem (PL-RJ), que também teve a perda do mandato determinada pelo STF, na sentença que o condenou por tentativa de golpe de Estado. Se o presidente da Câmara confirmar a disposição de pautar a decisão do Supremo, elevará mais uma vez a temperatura da Praça dos Três Poderes.

Motta também terá de lidar com a tensão crescente devido à apreensão do telefone celular, dos computadores e de documentos da advogada Mariângela Fialek, ex-assessora do deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara. Conhecida como Tuca, ela funcionava, de acordo com as investigações do Ministério Público, como controladora de “indicações desviadas de emendas decorrentes do orçamento secreto em benefício de uma provável organização criminosa voltada à prática de desvios funcionais e crimes contra a administração pública e o sistema financeiro nacional”.

Grande conhecida dos deputados, as buscas e apreensões realizadas na sexta-feira, 12, na primeira fase da operação Transparência, nos endereços ligados a ela, é mais um fator de preocupação de parlamentares que tiveram emendas pagas sem a devida identificação quanto à autoria e à destinação dos recursos. Pelo potencial explosivo dessas investigações, os desdobramentos da ação da PF podem criar novos focos de crise no Congresso.

O grau de preocupação com a apreensão dos equipamentos de Fialek pode ser mensurado pela convocação por Motta, na noite de sexta-feira, 13, de uma reunião de emergência com os líderes na Câmara. Do encontro, saiu uma nota oficial em defesa da ex-assessora de Lira.

Fonte: Luciana Lima