Disse Bertold Brecht que há pessoas imprescindíveis, referindo-se àqueles seres humanos idealistas que doam toda a sua vida à causa dos explorados, contra a exploração.
Assim, se quisermos resumir a importância de Célia Zanetti sem termos de desfiar pormenores dos mais de 50 anos de sua vida dedicada aos embates contra a exploração, por vezes sob as condições as mais adversas, podemos afirmar que Célia Zanetti foi e continua a ser imprescindível.
Desde a década de 1960, quando conheceu seu companheiro de luta Jorge Paiva, aquela estudante italianinha destemida, vinda da cidade paulista de Casa Branca, mostrou sua tenacidade e firmeza.
Confesso que jamais vi pessoa com sua têmpera, determinação, firmeza de caráter e capacidade de compreender e buscar a compreensão para as verdadeiras causas da miséria social da maioria do povo e, assim, encontrar a melhor forma de combatê-la.
Empreendeu a busca incansável e diuturna, mescla de capacidade de doação e de esforço pessoal e intelectual indispensáveis à emancipação humana.
Apesar das imensas dificuldades do combate desigual que costuma caracterizar a luta dos que não conciliam com a opressão sistêmica, Célia passava a todos os que a conhecem (o verbo está no presente por motivos óbvios) uma força moral e felicidade própria aos que são confortados pelo vigor da dignidade e pela couraça inabalável da consciência da luta justa.
Vejam os desígnios do destino: a negatividade social e torturante patrocinada pela perseguição da ditadura militar aos jovens militantes paulistanos dos anos 60/70, fez com que o povo humilde do Ceará ganhasse de presente uma asilada política que iria, ao longo de 43 anos, defendê-lo das mais variadas imposições de um modo de ser social segregacionista.
Era o povo mais humilde quem sempre se dirigia a Célia, com a confiança de estar se relacionando com um das melhores filhas do povo, logo se estabelecendo uma interação de confiança solidária e respeito.
Nesta hora de dor para todos nós que somos seus familiares por laços de companheirismo de luta, voltamos a nossa atenção para Jorge Paiva, seu companheiro de vida conjugal; a filha Juliana e o filho Robson; seu querido neto Benjamim, que lhe trouxe tantas alegrias e esperanças, na certeza de que eles não estão sós e que o exemplo dessa companheira querida haverá de nos impulsionar no bom combate, perpetuando o significado de sua vida.
Célia Zanetti? Presente! Agora e sempre!
(por Dalton Rosado, em seu nome e no do grupo Crítica Radical)