RONDÔNIA EXIGE TECNOLOGIA DO PESCADO
RONDÔNIA EXIGE TECNOLOGIA DO PESCADO:
A HISTÓRIA É CÍCLICA
Filé da espécie Pirarucu (Arapaima gigas, SHINZ, 1822).
HOUVE UM TEMPO
Houve um tempo em que tinha tanta fartura de peixe nos rios e tributários da bacia hidrográfica de Rondônia — que se capturava peixe com as mãos, com ajuda da camisa e até com o próprio chapéu — que foi necessário o Governo do Território Federal criar um Programa de Tecnologia do Pescado, através da então ASTER-RO, hoje EMATER-RO, para geração de tecnologia apropriada e difusão desta para beneficiar parte da produção de pescado, ao longo das comunidades tradicionais ribeirinhas dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé.
COM O ADVENTO DA CRIAÇÃO
Com o advento da criação do Novo Estado, o Governo de Rondônia implementou um Programa de Governo – o PROTA – Programa de Tecnologia Apropriada, sob a coordenação da então Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral – SEPLAN, em Convênio de Cooperação Técnica com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, através de Bolsas de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial - DTI, para que as populações ribeirinhas tradicionais fossem capacitadas em tecnologia do pescado.
TECNOLOGIA ADAPTADA
Para que uma tecnologia adaptada as peculiaridades regionais fossem difundidas, a ASTER-RO nos possibilitou a realização de um Curso de Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado (Lato sensu) nos idos de 1979, coordenado pela Organização das Nações Unidades para Alimentação e Agricultura - FAO, em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Ministério da Agricultura e Reforma Agrária (MARA), atendendo as necessidade do então Território Federal de Rondônia e, daí, teve início a execução de um Programa de Extensão Pesqueira, (PESCART), em Convênio de Cooperação Técnica com a então SUDEPE – Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (extinta em 1989), para ser implementado primeiros trabalhos de ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural, em nível de comunidades tradicionais ribeirinhas para difusão de tecnologia do pescado, em níveis de comunidades pesqueira artesanais, nas calhas dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé.
TECNOLOGIA MODERNA
Através de tecnologia moderna e eficiente, preconizada pela FAO e ajustada as peculiaridades do estado de Rondônia, os pescadores artesanais do então Território Federal de Rondônia passaram a ser capacitados em tecnologia do pescado, com uma gama de tecnologia pesqueira e gerencial nesta área para beneficiar e conservar a produção de pecado e, assim, passar a ter alimento suficiente para manter o sustento de suas famílias.
ASTER-RO, hoje EMATER-RO,
A então ASTER-RO, hoje EMATER-RO, montou uma infraestrutura organizacional e o Projeto do PESCART foi implementado em Rondônia, uma vez que os estoques pesqueiros de nossos rios eram piscosos e abundantes e na época as estatísticas pesqueiras nos controles de desembarques de pescado registravam safras anais otimistas, variando de 4.500 a 5.000 toneladas produção de pescado/ano safras estas, bastante expressivas.
CENSO E CONSUMO DE PESCADO
Para o censo populacional e de consumo per capita de pescado anual era uma com um volume de pescado com excesso de produção e todas as comunidades ribeirinhas não dispunham de infraestrutura física para produção do insumo gelo e de “know-how” tecnológico suficiente para conservar e beneficiar o pescado capturado e o excedente de suas capturas.
ANTES DA PISCICULTURA
Temos que considerar que naquela época ainda não se falava em piscicultura em Rondônia e quando ousávamos em falar sobre este tema, em reunião, em seminários e em outros eventos do gênero era quase sempre motivos de gozação e de boas gargalhadas.
PRODUÇÃO ANIMAL E PISCICULTURA
De acordo com o cronograma e as metas programadas pela Gerência de Produção Animal e Piscicultura da ASTER-RO, na qual tivemos a felicidade de fazer parte por longos anos, várias Comunidades Pesqueiras Ribeirinhas do rio Madeira foram dotadas de infraestrutura física: Unidades Produtivas Comunitárias para Conservação do Pescado, composta com os seguintes instrumentos tecnológicos, tais como: 1) Salgadeira Artesanal Comunitária, dotada com energia elétrica, água encanada; 2) Tanques-de-Cura, em madeira e em material plástico, para 1.000 kg de pescado; 3) Secador Solar; 4) Estendais para Secagem do Pescado; 5) Defumador de Alvenaria Indireto e Defumador Metálico Indireto, nas comunidade de Jatuarana, próximo a Comunidade da Cachoeira do Teotônio (hoje, extinta com a Barragem de Santo Antônio), Comunidade Pesqueira do Lago do Cuniã (hoje, Reserva Extrativista do Lago do Cuniã); Comunidade de São Carlos (hoje Distrito de São Carlos) e Distrito de Calama, todos no município de Porto Velho.
O TEMPO PASSOU
O tempo passou, a pesca predatória assumiu as capturas nos rios de Rondônia e contribuiu para dizimou os estoques pesqueiros “transeuntes” (estes estoques estão sempre percorrendo as águas no rio Madeira, sempre contra as correntezas), culminando com a construção das hidrelétricas de Santo Antônio e de Jirau, no leito do rio Madeira, coincidindo com a extinção dos estoques pesqueiros e, ao mesmo tempo, que contribuíram com a extinção da pesca artesanal na região, com os grandes impactos e aumento da área alagada — não porque dizimaram os cardumes e, sim, por dificultar a realização da migração para alimentação e defesa — uma vez que os cardumes que faziam o percurso no trecho do maior afluente do rio Amazonas, de sua margem direita, sofreram obstáculos por serem espécies migradoras e anádromas, que migram sempre contra as correntezas, utilizando as águas como verdadeiras passarelas.
ESPÉCIES MIGRADORAS ANÁDROMAS
Estes cardumes de espécies migradoras anádromas (são espécies de peixes anádromas – que sempre se deslocam contra as correntezas e nunca são catádromas, a favor das correntezas), em cumprimento ao instinto biológico migratório em busca de alimentação, defesa e não para reprodução, como insistem em falar erroneamente os pseudos pesquisadores da ictiofauna da bacia amazônica.
Estas espécies não foram dizimadas, não estão mais migrando em níveis anteriores e surge a falsa impressão de que a pesca artesanal está em franca extinção — porque as obras das hidrelétricas foram as responsáveis diretas pela extinção dos estoques pesqueiros e deixaram as populações ribeirinhas sem o alimento básico para o sustento de suas famílias.
ESCLARECIMENTO DE CUNHO CIENTÍFICO
Aqui, vale um esclarecimento de cunho científico e, um tanto quanto polêmico, e, neste sentido, necessita de aprofundamento científico, através de pesquisas mais detalhadas para se ter a devida constatação científica destas evidências que iremos revelar: as espécies da ictiofauna que migram utilizando o rio Madeira como uma verdadeira passarela não realizam a migração trófica para a reprodução e se constitui em uma verdadeira falácia se afirmar que os cardumes que migram nas águas do rio Madeira estão se preparando para realizarem a migração reprodutiva nas áreas encachoeiradas.
NÃO É JUSTO SE AFIRMAR
Na verdade não é justo se afirmar que os estoques pesqueiros foram dizimados, porque estes densos cardumes de peixes então existentes em épocas passadas não eram residentes na bacia do rio Madeira e, sim, estes estavam se deslocando provenientes do estado do Amazonas, migrando rio a cima, e por onde passavam encontravam as bocas livres dos igarapés e de tributários do rio Amazonas e rio Madeira, no trajeto da viagem entre estas águas.
Quando estes densos cardumes entravam e permaneciam por um período necessário suficiente para realizarem a desova e, depois, estes saiam destes berçários-criadouros, locais de desovas — deixando suas proles nas águas destes tributais e que serviram para praticar suas desovas, quando os reprodutores, após realizarem a desova, retornavam à bacia principal do rio Madeira e seguiam as suas trajetórias naturais, se defendendo de ataques de outros cardumes de espécies carnívoras, especialmente dos bagres, espécies como a piraíba (Brachyplathystoma filamentosum); dourada (Brachyplatystoma flavicans); a pirarara (Phractocephalus hemioliopterus); o jaú (Zungaro zungaro), o surubim (Sorubimichtthys planiceps), dentre outros.
DECLÍNIO POPULACIONAL DOS ESTOQUES PESQUEIROS
Com o declínio populacional dos estoques pesqueiros, nos últimos 25 anos, a pesca artesanal extrativa foi reduzida, a níveis drásticos, com um abrupto impacto do ponto de vista econômico para o estado, e, paradoxalmente, ao mesmo tempo, com a surpreendente “boom” produtivo da piscicultura, em nível nacional, nos últimos anos ao atingir o topo do ranking nacional, com uma invejável produção de 100.000 toneladas de pescado, safra 2016/2017, de acordo com projeções do Governo do estado de Rondônia, chegando a ocupar o primeiro lugar a nível de pescado, em nível nacional.
COM O PASSAR DO TEMPO
Hoje, com o passar do tempo, o potencial aquícola que falávamos que Rondônia era possuidor seguiu rigorosamente os indicadores da inclinação à piscicultura e, assim, o estado de Rondônia vem superando todas as adversidades e dificuldades econômicas e políticas e vem se confirmando com o maior polo produtor e exportador de pescado do Brasil contando com o apoio incondicional do Governo do estado de Rondônia, através da EMATER-RO, SEDAM, IDARON e SEAGRI-RO, em parceria com as prefeituras municipais, setor privado, com a obstinação e a força de vontade dos produtores rurais, piscicultores e empresários.
VERTICALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PESCADO
Agora, além da necessidade de verticalização da produção de pescado no estado de Rondônia, para aumentar a geração de emprego e renda, escoar o excesso de produção, agregar valor ao produto, através de tecnologia do pescado nos padrões preconizados por Códigos de Conservação do Pescado da FAO, com sistemas de beneficiamento de pescado: com a utilização de Salga Seca, Salga Mista e Salga Úmida, ainda, dispomos do Processo de Defumação do Pescado, semi-conservas e embutidos.
No limiar de um novo tempo, o estado de Rondônia tem a obrigação moral de retroceder à história e implementar um trabalho intensivo de difusão de tecnologia do pescado, em níveis de propriedades rurais e de Associações de Produtores Rurais e de Cooperativas, ligadas direta e indiretamente ao pescado — para difusão de tecnologia do pescado e, assim, agregar valor ao pescado e oferecer ao produtor-piscicultor um incremento das receitas líquidas e, ao consumidor final, alternativa de um produto saudável, beneficiado e facilitar a vida da culinária regional à base de pescado.
Estou com um Programa de Governo, no âmbito da QUALIFICAÇÃO EM TECNOLOGIA DO PESCADO – capaz de dotar o setor aquícola com tecnologia do pescado, nos aspectos de beneficiamento, filetagem, higiene, acondicionamento, conservação, secagem e defumação do pescado — pronto e apto para equacionar os graves problemas da produção de pescado do estado de Rondônia para ser implementado na próxima administração.
Este Projeto-Solução não pode ser agora apresentado ao Governador Confúcio Moura a fim de se evitar que seja implementado de forma equivocada por profissionais sem qualificação específica para tal e aumentar o número de profissionais no exercício ilegal da profissão no estado de Rondônia que, neste atual momento, o estado vem batendo todos os recordes dentre todas as demais profissões.
Estarei pessoalmente nestes próximos dias em Rondônia, e estaremos acionando o apoio da Associação dos Engenheiros de Pesca do Estado de Rondônia - AEP-RO, do qual sou sócio, e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA-RO, entidade que congrega os profissionais Engenheiros de Pesca e com apoio de entidades estaduais e Federais, com Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal, estaremos fazendo uma varredura para identificar e retirar do mercado um número significante de profissionais de outras categoriais, sem a habilitação para exercer o cargo de Engenheiro de Pesca, e até outros fantasmas, sem formação superior, estão exercendo a função de Engenheiros de Pesca no estado de Rondônia.
Quero aqui, neste espaço, aproveitar esta oportunidade para parabenizar o Governador Confúcio Moura por significativos avanços, apesar dos tropeços na área da piscicultura e, ao mesmo tempo, fazer um desabafo e aproveitar para informar aos nossos amigos leitores e seguidos das redes sociais, por onde escreve e fala, que após o término desta atual administração estadual — que desejamos que termine sem maiores problemas — estaremos de retorno as nossas atividades ao estado de Rondônia para atuar onde sempre estivemos, no âmbito da pesca e da aquicultura, e brigar para que os profissionais com formação específica em Engenharia de Pesca passem a atuar e a exercer com dignidade suas respectivas atividades e contribuir para DETETIZAR e EXPURGAR de Rondônia uma leva de ROEDORES – que hoje se locupletam com as atividades da pesca e da piscicultura, sem o mínimo conhecimento técnico e com improvisações que não funcionam e não levam a nada, com salários não merecidos e exorbitantes — sugando as tetas do estado, com a proteção do padrinho Confúcio.
Por sugestões de amigos, não estaremos nesta oportunidade nominando a relação dos RATOS E RATASANAS que estão se locupletando nas tetas do estado e praticando com exercício ilegal da profissão, exercendo a função de Engenheiro de Pesca, sem a devida em detrimento de tantos profissionais graduados em Engenharia de Pesca, através da UNIR e de outras entidades de ensino no país, que estão desempregados ou subempregados.
Não há mal que perdure e nem pedra dura que a água não consiga diluir.
Vejamos, com o passar do tempo!
CURIOSIDADE 1.
SOBRE OS CARDUMES DE PEIXES NO RIO MADEIRA
A maioria dos profissionais da impressa – da mídia falada, escrita e televisada, costuma errar sempre que se refere a migração de peixes no rio Madeira, inclusive profissionais que militam na piscicultura, com as facilidades que todos têm, por enquanto, em desenvolver o exercício profissional ilegal sem profissão: os peixes que migram no rio Madeira são espécies de peixes reofílicas (peixes de escama, a exemplo da curimatã, jaraqui, jatuarana, branquinha e outros) e anádramas (peixes que nadam contra as correntezas). Todos os peixes que migram no rio Madeira não praticam a migração para desovar e, sim, para se defender de outros cardumes e para se alimentar.
CURIOSIDADE 2.
SOBRE A PESCA DO RIO MADEIRA
Uma das espécies de peixe que tem sido explorada comercialmente, ao longo dos anos na pesca extrativa do rio Madeira (em extinção) é a espécie PIRAÍBA (Brachyplathystoma filamentosum), considerado o maior peixe de couro dos rios do Brasil — que chega a medir até 2,5 e a pesar 300 kg.
PIRAÍBA (Brachyplathystoma filamentosum).
CURIOSIDADE 3.
SOBRE A PESCA NA AMÉRICA DO NORTE
Alligator gar (Alligator Gar Feeding) é o maior peixe de água doce na América do Norte e pode ser tão longo quanto 8 a 10 pés. Estes peixes enormes podem sobreviver fora da água por 2 horas.
Antônio de Almeida Sobrinho escreve semanalmente nos
MAIS LIDAS
Equipe de Léo Moraes tem até réu confesso de fraude financeira
A explosão de filiados do PT em cargos de confiança
Comissão Eleitoral da OAB-DF recebeu 80 impugnações contra chapas
POLÍTICA & MEIO AMBIENTE (ANTôNIO DE ALMEIDA )
Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira e Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, e colaborador do quenoticias.com.br