Sergio Moro admite que terá influência na escolha da PGR
Jornal GGN – A disputa para o próximo comando da Procuradoria-Geral da República ganha novos capítulos. Em meio a falta da participação oficial da atual procurador-geral Raquel Dodge, aos rumores de que o presidente Jair Bolsonaro não irá acatar à lista-tríplice e o poder de decisão até então negado e omitido por Sergio Moro, agora o ministro da Justiça e Segurança Pública volta a admitir que terá essa influência.
Durante uma entrevista na rádio Jornal, no programa Balanço das Notícias, divulgada na tarde desta quarta-feira (22), Moro afirmou que “certamente” irá sugerir quem deverá suceder Raquel Dodge no comando dos procuradores da República.
A polêmica sobre o poder de decisão de Moro no comando do MPF tomou conta do noticiário no mês passado, após a imprensa divulgar que a negociação envolveu o convite feito por Bolsonaro a Moro para que ele assumisse o Ministério da Justiça: além das funções da pasta, o então juiz da Lava Jato seria a palavra final para a escolha da sucessão na PGR e também seria um cotado a ministro da Corte maior do país, o Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a má repercussão do caso, tanto Bolsonaro, quanto Sergio Moro negaram que houve uma negociação em si ou que tais promessas do mandatário seriam condicionantes para Moro aceitar o posto dentro do governo do atual mandatário. Por outro lado, Bolsonaro chegou a admitir posteriormente que a negociação com Moro não envolveria a PGR em si, uma vez que o que estava sendo debatido era um posto no STF.
Um mês após a polêmica, Moro volta a admitir que, sim, ele terá influência na escolha do próximo procurador-geral: “Eu estou aqui dentro do Ministério, dentro do governo, certamente vou fazer minhas sugestões ao presidente”, disse durante a entrevista.
Tentou tirar a pecha de que se tratava de algo negativo, ao dizer que, de qualquer maneira, a responsabilidade pertencia a Jair Bolsonaro, como estabelece a Constituição: “compete a ele evidentemente tomar a decisão, que é prerrogativa do presidente de escolher o nome que vai encaminhar para o Senado Federal”, continuou.
Ao ser questionado sobre a listra-tríplice, da importância do mecanismo de votação interna dos membros do MPF, e que desde o governo Lula até o governo de Dilma Rousseff se aplicava como obrigação ética nomear o primeiro mais votado, Moro apenas disse que “é um mecanismo importante”, mas tentou evitar questionar a possibilidade de Bolsonaro sequer escolher um destes nomes.
“Acho que essa decisão no presente momento é prematura, porque quando sequer existe uma lista”, completou. “Essa lista tríplice está em período de votação e deve ser encaminhada em meados ou final de junho. E tendo presente essa lista e eventuais outros candidatos [de fora que não disputaram as eleições internas], o presidente vai tomar a deliberação dele”, também disse.