Simular não resolve + Ponte da discórdia + Brasa e sardinha! + Puxador de votos

28 de abril de 2022 486

Simular não resolve

Sobram na história exemplos de que antes das guerras há ostentação de riqueza para simular que tudo está bem, na crença em que “pensar positivo” mudará a realidade. A ditadura Vargas anunciou a erradicação do mosquito transmissor da malária em 1940 e no ano seguinte sobreveio uma epidemia. Luxuosos bailes antecedem desastres e tragédia, como as festas antes do naufrágio do Titanic. Um grande baile provou a força de Pedro II na véspera do golpe que derrubou o Império. Luxuosos eventos no Teatro Amazonas antecederam a crise da borracha.

Durante as crises, surgem profecias sobre um futuro paraíso. Nas últimas décadas, coincidem com notícias sobre discos-voadores e ETs chegando para salvar/dominar a Terra. Mas não haverá soluções vindas dos céus e naves estelares. Se autoridades e povo não criarem uma nova realidade para a floresta e as cidades, de outros atores ela não virá. Se o padrão urbano continuar reproduzindo a pobreza, falar em sustentabilidade será apenas dizer um palavrão a mais.

Longe de ser um profeta, o professor Alex Abiko, especialista em Gestão Urbana e Habitacional, afirma que os dois maiores problemas do Brasil e do mundo são a pobreza estrutural e as mudanças climáticas. A solução estará em comunidades urbanas sustentáveis e boas políticas ambientais. Sem ações firmes nesse sentido, o risco de naufrágio e conflitos insolúveis será grande.

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Nossa epopeia

Não é de hoje que os acreanos – que tutelaram Rondônia como Território Federal até a sua transformação em estado em 1981 – adoram meter o bedelho em assuntos rondonienses. Ainda em 1985 invadiram a Ponta do Abunã, tomando as localidades de Nova Califórnia, Extrema, Abunã e Fortaleza do Abunã. E lá se instalaram com as tropas da então governadora Yolanda Fleming até serem expulsas pela PM-RO com os batalhões comandados pelo coronel Ferro no governo Jeronimo Santana.  Lembrando que o então jovem Valdir Raupp foi um dos protagonistas da retomada da região, como diretor geral do DER e anos depois seria eleito governador de Rondônia.

Ponte da discórdia

No episódio da inauguração da ponte sobre o Rio Madeira no Abunã na década passada, edificada pelos petistas em quase 80 por cento e concluída pelos bolsonaristas com 20 por cento – e que arvoram o pai daquela obra - lá se instalaram os políticos acreanos com uma enorme bandeira do seu estado desfraldada como se o empreendimento da ponte fosse deles, em território acreano e ainda antes da inauguração oficial. Com representações políticas frouxas, Rondônia não reagiu, sequer uma nota de protesto foi emitida naquela época, como se nada tivesse acontecido.

Brasa e sardinha!

Agora os acreanos querem atribuir o nome da ponte rondoniense homenageando um ex-governador daquele estado. Existe até um projeto no Congresso Nacional neste sentido e não discuto os méritos do homenageado. Para contornar a coisa o deputado federal Mauro Nazif (PSB-RO) apresentou proposta concedendo a ponte o nome do arcebispo Dom Moacir Grecchi, importante autoridade religiosa que durante décadas exerceu seu sacerdócio no Acre e depois em Rondônia onde ele faleceu. Esta homenagem poderia unir os interesses dos dois estados. No entanto, os acreanos não retiraram seu projeto, puxando a brasa para a sardinha deles, ou seja, com o nome do seu ex-governador.

Decisão salomônica

O que se sabe é que atualmente os projetos sobre a denominação da ponte da discórdia estão no Senado. De um lado, o  de autoria do senador Marcio Bitar (AC), homenageando o governador Wanderley Dantas, de outro, da lavra do deputado federal Mauro Nazif (RO), projeto concedendo a homenagem ao arcebispo Dom Moacir Grechi. Com mais tradição e unida do que a bancada rondoniense que raramente fala a mesma língua, os políticos acreanos sabem se articular e podem levar a melhor nesta peleja. A não ser que concordem com o nome de Dom Moacir, que é também uma homenagem para eles. Seria uma decisão salomônica.

Puxador de votos

O PTB, comandado em Rondônia pelo ex-deputado federal Nilton Capixaba, ainda não decidiu como aproveitar melhor a filiação do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia Maurão de Carvalho (Ministro Andreazza), derrotado na eleição passada ao governo de Rondônia e que busca retomar sua carreira política. Alguns petebistas defendem que seja candidato a Assembleia Legislativa puxando votos para a legenda. Também existe a possibilidade de uma disputa ao Senado ou se tornar vice de algum candidato de ponteira, já que existem entendimentos neste sentido em andamento com alguns nomes relevantes.

Via Direta

 

*** Levando em consideração as movimentações políticas em território rondoniense, não constato firmeza em algumas postulações ao governo de Rondônia em outubro *** Por enquanto as postulações que se mostram mais consistentes são do próprio governador Marcos Rocha (União Brasil) com seu projeto de reeleição e do deputado federal Leo Moraes (Podemos), ambos com  domicilio eleitoral em Porto Velho e abrindo polarização *** O senador Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná), o ex-deputado federal Anselmo de Jesus (PT-Ji-Paraná),  o ex-governador Daniel Pereira (Solidariedade-Porto Velho) e  o professor Vinicius Miguel (PSB-Porto Velho) tem se movimentado pouco pelos pagos rondonienses *** E o ex-governador Confúcio Moura (MDB) se faz de morto para engolir o coveiro *** Neste cenário, acredita-se na fusão de algumas candidaturas até as convenções do meio do ano, principalmente as da esquerda.

Fonte: CARLOS SPERANÇA
POLITICA & POLÍTICOS (CARLOS SPERANÇA)

Colunista político do Jornal "DIÁRIO DA AMAZÔNIA", Ex-presidente do SINJOR, Carlos Sperança Neto é colaborador do Quenoticias.com.br. E-mail: csperanca@enter-net.com.br