Sinais do misterioso Planeta X são procurados em tapeçarias medievais
O misterioso Planeta X ou Planeta 9, como também é conhecido, é uma mera hipótese, não havendo provas da sua existência.
Há cientistas que defendem que o planeta que seria gelado e gigante, com 10 vezes a massa da Terra, sendo responsável por algumas das forças gravitacionais do Cinturão de Kuiper, onde acredita-se que sejam originados os chamados cometas de período curto(os que são vistos com espaçamentos de até 200 anos).
É na busca por esse enigmático Planeta X que o astrônomo Pedro Lacerda está empenhado em um estudo realizado no Reino Unido, enquanto professor auxiliar do Departamento de Matemática e Física da Queen’s University em Belfast, em parceria com a especialista em Língua Anglo-saxônica (o inglês arcaico), Marilina Cesario, docente italiana da mesma universidade.
Os dois cientistas procuram pistas sobre o Planeta X em pergaminhos e tapeçarias medievais, cruzando os registros de cometas assinalados nesses documentos históricos com os dados atuais da NASA e de outras fontes.
Pedro Lacerda explica ao ZAP que, através de “simulações de computador”, consegue seguir “centenas de cometas” até o passado, com “órbitas bem caracterizadas atualmente”, para “estimar em que datas estariam visíveis no céu”.
As datas apuradas são depois comparadas com os registros detectados por Marilina Cesario, na chamada Crônica Anglo-saxônica, escritos medievais datados de entre os séculos IX e XI.
As simulações, nota Pedro Lacerda, “podem incluir ou não o hipotético Planeta X ou 9. A inclusão muda ligeiramente as datas em que os cometas seriam visíveis, e a comparação com as observações poderia oferecer suporte ou ajudar a rejeitar a teoria do Planeta X”, explica o astrônomo.
“Para já, não há certezas contra ou a favor da existência do planeta”, diz o cientista, realçando que a pesquisa é condicionada pela imprevisibilidade dos cometas e que, “portanto, a maior parte dos cálculos estariam errados”.
“Ou porque o cometa decidiu não desenvolver uma cauda em determinada visita, permanecendo invisível, ou porque sua órbita foi desviada de cálculo devido aos jatos que dão origem às caudas”, acrescenta.
Desse modo, serão “necessários muitos cometas e muitas observações para que, embora a maioria contenha erros, a média nos leve a bons resultados”, afirma.
Apoio das principais academias científicas britânicas
O projeto de pesquisa é financiado pelo Prêmio APEX (Academies Partnership in Supporting Excellence in Cross-Disciplinary Research) que foi criado pelas principais academias científicas britânicas – a Royal Society, a British Academy e a Royal Society de Engenharia – para promover pesquisas interdisciplinares.
O financiamento se estende desde setembro de 2017 a março de 2019, mas Pedro Lacerda acredita que vão “precisar de mais tempo e de mais fontes” para chegar a conclusões.
A pesquisa foi selecionada para ser apresentada em Londres, no primeiro Festival de Verão da British Academy, que será realizado entre 21 e 23 de junho, como “um dosmelhores projetos de pesquisa financiados pelo Reino Unido”, segundo comunicadoda Queen’s University.
Mas, a título de “aperitivo”, Pedro Lacerda e Marilina Cesario inauguraram, este mês, uma exposição alusiva à pesquisa no Museu do Ulster, em Belfast.
Até 3 de junho, quem passar pela capital da Irlanda do Norte pode fazer uma “viagem cósmica desde a primeira descrição contemporânea de um cometa na Inglaterra, no ano 891, no período de Alfredo, O Grande, até o avistamento do cometa em tom verde nebuloso Lovejoy, em 2013″, como aponta a Queen’s University em nota sobre o evento.
Enquanto isso, Pedro Lacerda e Marilina Cesario vão continuar procurando o Planeta X. E é certo que “qualquer indicação” que apontem para a sua existência teriam “um impacto notável no nosso conhecimento sobre o Sistema Solar“, conclui o astrônomo.