SOB TITE A SELEÇÃO SOFRIA NO MUNDIAL, MAS ERA DOMINANTE NAS ELIMINATÓRIAS. HOJE DÁ VEXAMES E PODE PERDER A VAGA.

13 de setembro de 2024 56

técnico Tite teve duas chances de conquistar o Mundial Fifa de seleções, em 2018 e 2022, só chegando até as quartas-de-final. 

Foi crucificado de forma praticamente unânime por cronistas esportivos e torcedores, que preferiram ver nele o incompetente que desperdiçara o superlativo talento de nossos craques. Mas a verdade era bem outra, como agora está se constatando.  

Antes de o retrocesso civilizatório se tornar tão acentuado (e as opiniões sobre todas as coisas, tão fanáticas e desequilibradas) no Brasil, Telê Santana também ficou com as mãos abanando após as Copas do Mundo de 1982 e 1986. Para piorar, era favoritaço na primeira, com Falcâo, Cerezzo, Sócrates e Zico na auge de suas carreiras. 

Mas, fascinados com o futebol de sonhos que o nosso escrete praticava do meio de campo para a frente, poucos o acusaram de ter armado uma defesa firme como geleia, o que acabou sendo fatal na azarada partida contra a Itália

Já no caso de Tite. não se levou em conta que possuía um único fora-de-série à disposição, Neymar, que fracassou miseravelmente nas duas eliminações.

Então, não deixei de reconhecê-lo como o melhor treinador brasileiro em atividade, embora isto perdesse um pouco de significado face à mediocridade dos concorrentes. 

Agora o quadro está mais claro. 

Antes do Tite, nossa seleção sofreu a maior humilhação de uma história centenária em 2014, goleada por 7x1 em casa, com o Felipão prostrado no banco, sem mexer um músculo ou dizer uma única palavra, enquanto os germânicos marcavam quatro gols seguidos entre os 23' e os 29' da fase inicial.

Nas eliminatórias de 2018, o aproveitamento sob Dunga era de míseros 50% dos pontos disputados nas seis primeiras partidas, com o Brasil fora da zona de classificação. Entrou Tite e, nos 12 jogos restantes, o escrete conquistou 32 pontos (aproveitamento de 88,9%!), disparando na liderança.

Nas de 2022 também deixou os adversários comendo poeira, com 83,3% de aproveitamento.

Agora, com 8 das 18 rodadas concluídas, o Brasil divide o quinto lugar com a Venezuela (!), tendo 41,7% de aproveitamento, após perder 3 partidas e empatar em casa com o Peru sob o comando de Fernando Diniz e ter duas atuações horrorosas com Dorival Jr. no banco.

Conclusão: ruim com Tite, péssimo sem ele. 

E pouco se fala na ausência gritante de um meio-campista hábil e cerebral, que dite o ritmo da equipe, organize o setor ofensivo e crie oportunidades de gol para os atacantes. Alguém como Lionel Messi, que fez a diferença entre a Argentina campeã e o Brasil sétimo colocado em 2022.

E por que não produzimos mais esse tipo de craque, como Didi em 1958 e 1962, Gerson em 1970 e Sócrates em 1982? 

Porque o mendicante futebol brasileiro agora quer formar pés-de-obra para o mercado internacional, então prioriza, desde as escolinhas, garotos que sejam bons dribladores e marquem gols, como Endrick e Estevão, para vendê-los aos gringos antes mesmo de completarem 18 anos.

Quanto aos cérebros das equipes, não é o que os europeus (principalmente) esperam dos jogadores brasileiros, então os formamos cada vez menos, curvando-nos aos preconceitos dos nossos antigos colonizadores, que ainda nos veem como eternos bugres. (por Celso Lungaretti)

Fonte: CELSO LUNGARETTI
A VISÃO DEMOCRÁTICA (POR CELSO LUNGARETTI )