Solução Brasil

24 de novembro de 2017 669

 Permito-me discordar do leitor Carlos Marechal de Carvalho ("Militares", Diário 24/11) quando afirma que, face à atual corrupção institucionalizada do Norte ao Sul do País, a única salvação que nos resta é clamar por uma intervenção militar. Concordo plenamente com ele ao declarar a falência do nosso sistema de governo fundamentado no presidencialismo de cooptação. Citando textualmente: "Somos o único caso de "democracia" no mundo que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram, que as decisões do STF podem ser mudadas por condenados, que os mesmos façam seus habeas corpus ou legislem para mudar a lei e serem libertos". Tudo isso fere frontalmente o princípio constitucional de que todos somos iguais perante a lei, não sendo política, judicial e eticamente aceitável qualquer forma de privilégio.

            Mas não será um regime de forças, uma ditadura militar, a resolver nosso problema institucional. Já experimentamos isso ao longo da nossa história e nunca deu certo. Sou visceralmente contra qualquer forma de governo autoritário, que nos impeça de pensar, sentir, contestar, agir livremente. É a arrogância dos poderosos que causa a injustiça social, permitindo a corrupção generalizada e não castigada. Para acabar com isso a única arma eficiente é o voto consciente. Não deixo de repetir a constatação de que, na atual situação, não há político inocente: quem não é pessoalmente corrupto, é conivente ou omisso.

            Então, não é uma forma de suicídio nacional reconduzir no poder gente como Maluf, Collor, Sarney, Lula, Temer e caterva? Se votássemos sempre em pessoas diferentes, acabaríamos com a formação de currais eleitorais e os aspirantes à ocupação de cargos públicos entenderiam que, se não fossem honestos e competentes, não teriam futuro, pois não seriam reeleitos pelo voto popular. É essa consciência de cidadania que precisamos instilar no povo, especialmente nas camadas mais pobres e desinformadas, que votam esperando favores de algum salvador da pátria. Seria de um incalculável benefício para o País, se a mídia (impressa, televisiva, eletrônica...) fizesse um vasto programa de esclarecimentos, pois as eleições de 2018 se aproximam.

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Salvatore D' Onofrio 
Dr. pela USP e Professor Titular pela UNESP 
Autor do Dicionário de Cultura Básica (Publit)
Literatura Ocidental e Forma e Sentido do Texto Literário (Ática)
Pensar é preciso e Pesquisando (Editorama)
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