Submarino Argentino: Marinha Relata ‘Anomalia Hidroacústica’ No Dia E Região Do Sumiço

23 de novembro de 2017 775

Depois de um dia de forte tensão, o porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi, informou nesta noite sobre a descoberta de uma “anomalia hidroacústica” quarta-feira passada, apenas três horas após a última comunicação entre o submarino ARA San Juan e uma base naval. De acordo com Balbi, esta anomalia representa “um novo indício que está sendo exaustivamente analisado” pelas autoridades navais do país.

Perguntado sobre a possibilidade de que este ruído, informado nesta quarta-feira pela Marinha americana, poderia indicar algum tipo de explosão do submarino, o porta-voz não descartou:

Não tenho essa informação e não posso fazer conjecturas, mas sim posso confirmar uma anomalia hidroacústica — afirmou Balbi, que relatou a detecção da anomalia a cerca de milhas do local do último contato.

Jornalistas locais perguntaram várias vezes sobre uma possível explosão, já que durante a tarde desta quarta circularam em Buenos Aires e Mar del Plata alguns rumores neste sentido.

— Estamos enviando vários barcos ao local onde foi detectado este ruído, devem chegar esta noite — disse Balbi.

O porta-voz evitou aprofundar esta informação e mostrou-se especialmente nervoso.

— Temos de confirmar este indício através de diferentes meios como sensores, barcos e aviões — limitou-se a informar Balbi.

Suas declarações criaram m clima de pessimismo na Argentina.

— Nós lhe perguntamos diretamente sobre a possibilidade de uma explosão, porque foi o que interpretamos quando ele falou em anomalia hidroacústica. Mas ele não foi claro — disse o jornalista Javier Lozano, do canal Todo Notícias.

 

Entre familiares, a esperança se reduz a cada hora que passa. Nesta quarta, muitos começaram a criticar publicamente as ações da Marinha e do governo de Mauricio Macri.

— Estamos satisfeitos com as operações de busca, mas deveriam ter começado muito antes — disse ao GLOBO Claudio Rodríguez, irmão de Hernán Rodríguez, um dos 44 tripulantes.

 

Mais de 12 países participam das buscas, numa área de 500 mil quilômetros quadrados. A maior expectativa está na equipe da Marinha americana, que detectou a anomalia e enviou submarinos não tripulados — que seriam essenciais numa eventual operação de resgate. O presidente argentino ainda conversou por telefone com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, sobre o envolvimento de militares do país na operação.

— A Argentina nos pediu ajuda sexta-feira passada e esta unidade de resgate é a única que os EUA possuem. A quantidade de equipamento dependia das informações sobre o submarino, e como não tínhamos nenhuma, trouxemos o máximo possível — disse ao site “Infobae” o porta-voz da Marinha americana, Kurt Schomberg.

Ao longo do dia, familiares falaram a canais de TV locais e, em alguns casos, não conseguiram esconder o desespero. Outros, como Fernanda Valacco, mulher de Cristian Ibanes, mostraram-se otimistas.

— Eles vão aparecer, tenho certeza absoluta. Sei que estão bem.

Para especialistas, é o início de uma fase crítica. O perito naval Antonio Mozzarelli, que presenciou a construção do ARA na Alemanha, em 1983, lembrou que depois de uma semana de buscas sem resultado, o cenário é “muito delicado”.

— Ainda não vejo risco de vida dos tripulantes, mas precisam encontrar o submarino o mais rápido possível — disse Mozzarelli ao GLOBO. — Existem mecanismos para renovar o oxigênio, e se eles estiverem funcionando os tripulantes poderiam aguentar bastante mais tempo. A dificuldade que vejo é que o submarino não está emitindo sons nem se comunicando. Não entendemos por que não estão fazendo nenhuma das duas coisas.

Mas há controvérsias sobre quanto tempo podem sobreviver os 44 tripulantes do ARA San Juan sem que o submarino venha à superfície. Para outros especialistas, como Fernando Morales, mais do que uma semana é difícil.

— É verdade que há coisas que podem ser feitas, mas não sabemos se eles têm todos os elementos para enfrentar esta situação, porque não sabemos o que está acontecendo dentro do submarino.