Suposta negociata para salvar Marcos Rocha do impeachment envolve pelo menos 18 deputados estaduais de Rondônia
O Rondônia Dinâmica recebeu denúncia anônima na tarde da última quarta-feira (24) e, junto com o editor-chefe do site Tudo Rondônia, esteve no local apontado pela fonte e constatou a estranha movimentação massiva de parlamentares. O que isso significa?
Atualizada às 11h08 com a versão do advogado envolvido
Porto Velho, RO – Da porta para fora onde há uma reunião, seja ela construtiva ou antirrepublicana, cabe apenas a especulação. Entretanto, quando o encontro envolve partícipes do mundo privado, da atividade liberal, enfim, as informações não são da conta do mundo exterior.
Agora, quando a congregação usa a atividade causídica para intermediar conversa furtiva aquartelada entre quatro paredes maciças e atrás de porta protegida por fechadura de sete chaves, ora, a imprensa e a população têm todo o direito de questionar o âmago do bate-papo.
Na tarde da última quarta-feira (24), o Rondônia Dinâmica recebeu denúncia anônima onde a pessoa relatou, de forma detalhada, as nuances do concílio entre 18 deputados e um membro do alto escalão do atual governo.
A reportagem, então, se dirigiu ao endereço junto com o editor-chefe do site Tudo Rondônia. Chegando ao local, a constatação: o mínimo que se pode dizer, sem sombra de dúvidas, é que havia, sim, movimentação intensa de parlamentares em frente a um escritório de advocacia situado à Av. Brasília.
A questão é: por quê?
Curiosamente, esse fluxo veio a ocorrer logo após a Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO) ler no Plenário da Casa de Leis o conteúdo do pedido de impeachment apresentado pelo advogado Caetano Neto contra o Coronel Marcos Rocha (PSL), chefe do Executivo estadual.
Portanto, coincidência ou não, há questionamentos sem respostas e um cri cri criensurdecedor.
Ontem mesmo o site Tudo Rondônia publicou sua versão dos fatos, mas, logo em seguida, o proprietário do empreendimento recebeu ameaças do advogado que teria sido o anfitrião da assembleia. Caso elas se concretizem, serão pelo menos 40 ações entre investidas cíveis e criminais.
O advogado, que é um ótimo profissional, diga-se de passagem, negou tudo. Porém, e talvez a partir daí o doutor tenha cometido ato falho, o intermediário resvalou na própria indignação.
Ele deixou claro ao editor do site que as ações serão propostas em seu nome, em nome da sua empresa e a favor dos 18 deputados que sequer foram citados na reportagem combatida, abrindo espaço para novas indagações.
Como o assunto se tornou público, agora cabe a todos nós, especialmente os eleitores de Marcos Rocha, inquirir os envolvidos ainda que genericamente.
O militar prometeu durante a campanha não fazer conchavos, e isso deveria incluir, obviamente, qualquer tratativa que destoe às boas relações institucionais – mesmo se a intenção for se salvar.
Se rolou dinheiro, e eu pessoalmente não creio nesta hipótese, ou cargos e benefícios ante a Administração Pública, esta sim a opção mais crível, porque embora seja imoral é legal e acontece em todo o Brasil, é de se avaliar se não estamos girando sem perceber num eterno looping temporal assistindo as mesmas práticas de sempre, agora aplicadas por novos rostos.
Mais do que nunca, seria imprescindível ouvir de cada deputado se há verdade ou não nas informações que circulam. Aliás, o governador também deveria se manifestar através das suas redes sociais.
Mas, conforme já salientei, as únicas coisas audíveis até agora são os sons da palha rolando no deserto e o cricrilar do grilo.
O outro lado
O colunista não mencionou o nome do advogado, portanto, nestas mesmas condições, Visão Periférica apresenta a versão dele sobre os fatos:
"Bom dia, não foi isso o que aconteceu. Foi um dia como outro qualquer no escritorio. E quanto aos 18 deputados a questão é bastante simplória.
Como a ALE tem 24 deputados, e o site falou que 6 não foram, nominando eles, significa que os 18 remanescentes têm nome. E eu advogo para a grande maioria deles. Eles entraram em contato comigo para entrar com ação, daí que nominei. Mas tudo bem, já dei a matéria por vencida: não vou mexer mais nisso.
Resumindo, eu me reuni com quatro clientes para tratar de outro assunto.
O que justificaria meu envolvimento nisso? Não advogo para o governador. Essa conta não fecha. O [representante do governo não citado nominalmente pelo artigo] sequer estava lá.
E a maioria dos carros na foto são dos vizinhos do meu escritório ou de funcionários meus.
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VISÃO PERIFÉRICA
POR: VINICIUS CANOVA