Surto de sarampo controlado

"Passados dois meses, estamos em condições de anunciar que foi possível controlar o surto de sarampo, conhecido por estar ligado ao Hospital de Santo António", declarou Graça Freitas, nesta manhã de quinta-feira, naquela unidade de saúde da cidade do Porto.
A diretora-geral de Saúde avisou, contudo, que o país não está livre de ter um novo surto de sarampo, embora destaque, com regozijo, que, apesar do último surto, Portugal não perdeu o estatuto de país onde a doença foi erradicada.
No entanto, a acontecer um novo surto será em torno de uma nova forma de sarampo, uma doença com "uma expressão clínica diferente", conhecida internacionalmente como "sarampo modificado". Foi a conclusão a que se chegou num primeiro estudo sobre o surto de sarampo do Porto, apresentado também nesta manhã de quinta-feira, e que revelou que a média de idades dos 111 cidadãos infetados era de 30 anos, 80% dos quais tinham a vacinação em dia. "Foram 15 casos de não vacinados que levaram à propagação da doença", revelou Graça Freitas.
Ainda assim, o sarampo modificado, que predominou no surto agora declarado controlado, tem uma sintomatologia mais leve do que "a doença selvagem". "É um sarampo que não tem grande capacidade de propagação no caso dos doentes vacinados, por isso a vacinação ainda é muito importante", explicou Graça Freitas, aconselhando todos os portugueses a vacinarem-se contra o sarampo, porque essa será a diferença entre ter uma doença complicada ou uma estirpe de sarampo mais leve.
Graça Freitas admitiu, contudo, que está a ser analisada a possibilidade de se vir a introduzir uma terceira dose da vacina contra o sarampo. "Para já, nenhum estudo cientifico evidencia que o reforço seja efetivo. Não há evidência de que uma terceira dose da vacina venha a alterar o panorama a médio e longo prazo. Mas se houver essa evidência, a terceira dose será introduzida naturalmente", garantiu a diretora-geral de saúde.
Para já, as autoridades de saúde ainda estão a estudar melhor o último surto de sarampo em Portugal. A primeira medida que admitem tomar prende-se com a introdução em Portugal de um sistema idêntico ao da Austrália, onde se estabeleceu um sistema de triagens, ou seja, de prioridade de casos que necessitem de confirmação laboratorial.