TRF determina que Picciani e mais 2 deputados voltem à prisão

21 de novembro de 2017 726

O TRF2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) determinou o retorno dos deputados peemedebistas Jorge Picciani, presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Paulo Melo e Edson Albertassi à prisão.

Por 5 votos a 0, os desembargadores decidiram por uma nova prisão dos parlamentares, que haviam sido libertados sem que a decisão tivesse sido comunicada ao tribunal. Picciani, Melo e Albertassi deixaram a prisão na última sexta­feira (17), em um carro oficial daassembleia, pouco mais de uma hora depois da decisão da Aler

“Só pode soltar quem pode determinar prisão”, afirmou o desembargador.

A Corte mandou prender preventivamente os deputados a pedido do MPF (Ministério Público Federal) na quinta­-feira (16), mas a decisão foi submetida à Alerj, que a derrubou.

Para o desembargador Abel Fernandes Gomes, relator do caso, a Alerj agiu contra o previsto constitucionalmente o que justifica o retorno dos deputados a prisão.

Segundo a votar, o desembargador Messod Azulay Neto acompanhou integralmente o voto do relator. Para ele, “a assembleia escreveu uma página negra na história do nosso Estado”. “A Alerj exorbitou seus poderes. O caos que se instalou na assembleia é absoluto.”

O desembargador Paulo Espírito Santo também acompanhou integralmente o voto do relator. “Para que juiz, para que MP, para que advogados?”, questionou ao criticar a soltura dos deputados na sexta sem o aval da Justiça. “O que vi na sexta­-feira me deixou estarrecido. Um carro preto, da Alerj. Parecia um resgate de bandidos.” Espírito Santo terminou seu voto citando uma canção da banda Legião Urbana, “Que País é Esse”.

A desembargadora Simone Schreiber, que não esteve presente na semana passada por problemas de agenda, e o desembargador Marcelo Ferreira de Souza Granado também acompanharam integralmente o voto do relator. O presidente do Tribunal, Antônio Ivan Athié, não votou nesta sessão.

Até o momento, segundo o tribunal, a Alerj não enviou ao TRF2 o parecer que determinava a revogação da prisão dos deputados votado em plenário na sexta­feira. Intervenção do STF

O desembargador Abel Gomes propôs que, caso a decisão seja descumprida, ela seja encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal) que poderia, segundo ele, determinar até a intervenção federal na Alerj. Segundo a assessoria do tribunal, se houver descumprimento da decisão, a Primeira Seção Especializada oficiará ao presidente do TRF, desembargador federal André Fontes, para que dirija o pedido de intervenção ao STF, e o Supremo levaria o pleito adiante. Os três peemedebistas, que se entregaram na tarde de quinta­feira (16) na sede da Polícia Federal no Rio, no centro da capital, passaram uma noite na cadeia de Benfica, na zona norte, onde também estão detidos o ex­-governador Sérgio Cabral (PMDB) e outros condenados e réus da Lava Jato.

Abel citou ainda o impedimento da entrada de uma oficial de Justiça no plenário da Alerj, que manteve as galerias fechadas ao público até quase o fim da sessão, como justificativa para a sua decisão. Abel foi quem determinou que os deputados fossem ouvidos coercitivamente na terça, remeteu a decisão de prender ou não ao colegiado e foi o relator da prisão na quinta.

Em nota, a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) informou que “recebeu no final da tarde desta sexta­-feira resolução da Assembleia Legislativa que determina a soltura dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, que estavam na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica”.

“Os três deputados foram soltos em cumprimento à determinação.” No sábado o MP­RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) protocolou ummandado de segurança em que pede a nulidade da votação desta sexta e requer que seja realizada uma nova sessão para repetir a votação, mas “com total acesso a todo e qualquer cidadão interessado”. De acordo com o MP, a Alerj desrespeitou uma liminar que obrigava a abertura das galerias da Casa “de forma a camuflar a sessão pública”.

A defesa de Picciani questionou o fato de não ter tido acesso ao teor da questão de ordem antes da sessão desta terça. Segundo Nélio Machado, ele e os colegas não tiveram um “tratamento igualitário” por parte do tribunal.

Além do MP, a AMB (Associação de Magistrados Brasileiros) vai entrar com uma ação pedindo esclarecimentos ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a decisão da Corte usada pela assembleia para reverter medidas cautelares contra os parlamentares.

A Operação Cadeia Velha, desdobramento da Lava Jato no Rio, apura o uso da presidência e outros postos da Alerj para a prática de corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os parlamentares são suspeitos de favorecer interesses de empresários no Estado, entre os quais representantes do setor de transporte público e empreiteiras, em troca de propina. Eles negam todas as acusações.

UOL