TRUMP REVISITA O FASCISMO ESPANHOL: "MORRA A INTELIGÊNCIA, VIVA A MORTE!"

25 de abril de 2025 66

Unamuno, com barba branca, saindo da Universidade após confrontar os fascistas

Em outubro de 1936, numa solenidade que tinha lugar na universidade espanhola de Salamanca, algum professor dormia com o inimigo, proferindo um discurso de exaltação à irracionalidade franquista. 

Os descerebrados presentes se empolgaram e um deles gritou o lema da Falange fascista: "Viva a morte!". Outros o secundaram, bradando esta e outras palavras de ordem a favor de uma Espanha monárquica, ultranacionalista e ultracatólica no mau sentido. Enfim, como sempre brigavam com o presente e exigiam uma volta ao absolutismo feudal.

Lá estava também o general Milan-Astray, cujos seguidores ergueram o braço, fazendo a saudação usual ao ditador Francisco Franco em pleno ambiente universitário, como se ele se encontrasse no local. Uma contradição  em termos. 

Milan-Astray, o parceiro da morte

O reitor Miguel de Unamuno, um liberal humanista, confrontou corajosamente a horda, dizendo que falaria porque "ficar calado significaria mentir e o silêncio pode ser interpretado como aquiescência".

Rebateu a pretensão dos fascistas de estarem defendendo a civilização cristã, acrescentando que estava em curso uma guerra civil na qual vencer não significava convencer, mesmo porque "o ódio que não deixa lugar para a compaixão não pode convencer". 

O general Milán-Astray perdeu as estribeiras ao ouvir as fortes críticas ao seu modelo para a Espanha e, furibundo, urrou: "Morra a inteligência, viva a morte!".

Unamuno finalizou com uma frase que entraria para a História: "Vencereis, porque lhes sobra força bruta. Mas não convencereis, porque para convencer é preciso persuadir. E para persuadir é necessário algo que lhes falta: razão e direito na luta.".

Os descendentes de Unamuno começam a articular uma forte resistência civilizada à nova caça às bruxas ora em curso, tendo na última terça-feira (22) realizado a primeira manifestação generalizada contra as trevas trumpianas: cerca de cem reitores, representando dezenas de instituições acadêmicas, incluindo Yale, Princeton e Harvard, denunciaram a "interferência governamental sem precedentes" no ensino superior.

No dia anterior, Harvard iniciara a batalha jurídica ao estrangulamento financeiro como arma trumpiana para obter o que Unamuno qualificaria de aquiescência dos bem pensantes: entrou com uma ação judicial contra o bloqueio, por parte do Governo Trump, de US$ 2,2 bilhões em subsídios federais, como represália por tal universidade por haver rejeitado as exigências infames dos descendentes de Franco e do general Milan-Astray.


A China, apostando na inteligência, redobra esforços para se colocar cada vez mais na dianteira científica e tecnológica, inclusive fazendo altos investimentos para atrair cientistas de outros países - enquanto Trump, flertando com a morte, os aterroriza ao impor uma recaída dos EUA no macartismo. 

Não preciso de bola de cristal para saber quem  sairá fortalecido das atuais escaramuças e quem marcha para um fracasso retumbante e para o fim da hegemonia que herdou dos campos de batalha da segunda guerra mundial. (por Celso Lungaretti)  

Fonte: Celso Lungaretti
A VISÃO DEMOCRÁTICA (POR CELSO LUNGARETTI )