Eu fiz a minha opção revolucionária no final de 1967, quando convidado para um aprendizado de marxismo durante as férias.
Algo parecido com o mostrado no filme A Chinesa, do Godard, só que os aprendizes éramos apenas quatro.
A colega que me convidou hoje é muito crítica crítica com relação à esquerda em geral e ao PT em particular. O Eremias morreu heroicamente aos 18 anos. Dos outros dois, irmão e irmã, nunca mais ouvi falar.
Algo parecido com o mostrado no filme A Chinesa, do Godard, só que os aprendizes éramos apenas quatro.
A colega que me convidou hoje é muito crítica crítica com relação à esquerda em geral e ao PT em particular. O Eremias morreu heroicamente aos 18 anos. Dos outros dois, irmão e irmã, nunca mais ouvi falar.
Nunca saí do caminho que escolhi após uns poucos meses de trabalho de massa na minha escola; aprofundei-me cada vez mais nele.
Talvez por não haver tomado tal decisão por mera indignação com a ditadura, que, mais dia, menos dia, acabaria. Eu era contra o capitalismo e a sociedade por ele erigida. Não via sentido em dedicar a minha vida a ganhar dinheiro e obter o que o dinheiro compra. Desde os 15 anos procurava algo diferente, um propósito maior.
Talvez por não haver tomado tal decisão por mera indignação com a ditadura, que, mais dia, menos dia, acabaria. Eu era contra o capitalismo e a sociedade por ele erigida. Não via sentido em dedicar a minha vida a ganhar dinheiro e obter o que o dinheiro compra. Desde os 15 anos procurava algo diferente, um propósito maior.
Mas a barreira da necessidade foi transposta no século passado e hoje temos conhecimentos e recursos mais do que suficientes para provermos o essencial para cada um dos habitantes do planeta. Bastaria reorganizarmos a sociedade de forma racional e igualitária, ultrapassando todas as falsas divisões estabelecidas naqueles sombrios tempos de competição e penúria, e que são artificialmente perpetuadas pela (cada vez mais ínfima) minoria que concentra o poder econômico, em detrimento da grande maioria dos por ela explorados.
E o outro: ao passar pelos porões do regime militar, compreendi que nada, absolutamente nada, justificava submeterem-se seres humanos a tais horrores. A partir daí, descartei por completo qualquer ditadura (inclusive a do proletariado, mesmo que supostamente transitória, porque é mais fácil construirmos ditaduras do que sairmos delas depois); e passei a colocar a liberdade, o respeito aos direitos civis e aos direitos humanos), no mesmo plano de importância da justiça social.
Minha consciência até hoje é a que formei na segunda metade dos anos 60 e primeira dos '70. E morrerei fiel a meus valores, mantendo a esperança de que, quando estiver sob ameaça de extinção, a humanidade encontre forças para tomar seu destino nas mãos e construir o reino da liberdade, para além da necessidade profetizado por Marx. Pouco importa se estarei ou não aqui para ver. (Celso Lungaretti)