Venezuela: emancipação ou rendição

24 de maio de 2018 513

A vitória do dia de 20 de maio marca um ponto de inflexão na tentativa de demolição do modelo de justiça social, legado de Hugo Chávez, o Comandante de consciências. Ocorreu uma reação popular de uma elevada dignidade fora de todo cálculo político eleitoral. O povo se subtraiu ao abuso de seu corpo e do seu espírito, negando-se a ser canibalizado. Fracassou a tentativa de quebrar o amor a Chávez. Os pragmáticos foram sacudidos pela resistência do povo em ser manipulado como cobaia. Apesar do ataque da oligarquia comercial, o bloqueio externo e o ódio colombiano, não conseguiram aniquilá-lo, reduzi-lo, calculá-lo, modificar sua natureza rebelde e telúrica. Somos uma anomalia amorosa subversiva!

Vejamos no espelho da destruição programada da URSS, sob a Perestroika, e nos perguntemos: o que fazer?

A diferença do terrorismo de 2017, barrado pelo efeito das eleições da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), nesta ocasião a eleição presidencial não conseguiu deter o rolo compressor da hiperinflação, a especulação programada e a venda avulsa por particulares de todo tipo de produtos a cima de seu preço.  Esta vitória heróica não é um cheque em branco. O povo buscou e extraiu a única coisa que lhe restava: a Esperança, e a entregou a Maduro. Não obstante o governo tenha feito aquilo que fez, com acertos e erros, chegou a hora de recuperar o alento do verdadeiro legado de Chávez: consolidar o Estado Social e de Justiça, o bem-estar e a soberania nacional, sob a autoridade da Constituição, tudo isso legitimado por valores humanistas.

A democracia soberana chavista, ferramenta de organização e legitimação do poder em meio às exigências da modernização globalizadora e a reivindicação dessa identidade nacional diferenciada (Smith M, 2006) ligada a políticas de desenvolvimento com investimento público em educação, previdência social, investigação e inovação, fundamenta a melhoria da qualidade de vida da população.

Restabelecer a defesa dos valores espirituais e morais na nova Doutrina de Segurança e Defesa da nação (soberania, independência, potencialização econômico-produtiva e acervo cultural, Titulo VII da Constituição venezuelana). Aumentar a co-responsabilidade cívico-militar e o nível de consciência social frente aos desafios do Capitalismo contra a soberania dos povos, preparar cidadãos para defender a pátria, garantir o desenvolvimento duradouro e sustentável, a participação do povo na proteção do poder nacional e o afinco a nossos valores.

Esta ideia: amor à pátria e vontade de protegê-la, deve se tornar o horizonte, esperança e guia, para que, como na Rússia após a Glasnost, renasça e se recupere a visão estratégica que nos foi legada por Chávez. Temos essa dívida com nosso nobre, irredutível, indobrável e valente povo.

(*) Advogada constitucionalista venezuelana, integrante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC)