Vereadores de Pimenta Bueno envergonham Rondônia com a incorporação do auxílio-alimentação de R$ 900 à remuneração
Moradores usaram nariz de palhaço e faixas para protestar (Foto: Karen Dencker/Rede Amazônica)
Porto Velho, RO – A política de Rondônia continua registrando episódios dantescos em termos de vergonha nacional ao revelar, por exemplo, a incorporação de auxílio-alimentação no valor de R$ 900,00 aos vencimentos dos vereadores de Pimenta Bueno, que já recebem mensalmente salário de R$ 6 mil.
“Vale destacar que apesar de ter sido aprovada, o vereador só recebe se quiser. No meu caso, abri mão tanto do pagamento salarial, como do auxílio, mas isso cabe a cada um”, tentou explicar Paulo Adailde (MDB), presidente da Casa de Leis, jogando o peso da questão à consciência de seus pares; o que, claro, não seria necessário se a alteração da lei fosse sequer cogitada.
São dez representantes que ignoraram os anseios sociais. E é preciso pontuar aqui que a aprovação ocorreu enquanto o Brasil ainda discute questões morais no quesito verbas indenizatórias – inclusive sobre auxílio-moradia pago indiscriminadamente a alguns juízes.
Ou seja, nem mesmo o temido Poder Judiciário passa incólume pelo debate que objetiva a redução de gastos exorbitantes com a extinção sumária de penduricalhos salariais exageradíssimos.
O cidadão comum refém da alta carga tributária não aguenta mais gastança desenfreada para sustentar agentes públicos – e tem toda a razão de pensar e agir de acordo com essa convicção.
A história precisa parar de atuar como mera registradora de acontecimentos e passar à condição de protagonismo nas tão sonhadas profundas transformações.
Em agosto do ano passado, para se ter ideia, eclodiu o escândalo do auxílio-alimentação no valor de R$ 6 mil que seria destinado à já obesíssima remuneração dos deputados estaduais de Rondônia. Obesíssima morbidíssima, diga-se de passagem. O povo disse não e bateu o pé com veemência, obrigando o Legislativo a sacodir a poeira e voltar atrás. Logo, não foi instituído justamente por conta do clamor popular.
Claro que também houve protestos em Pimenta Bueno! E como não haveria se o salário mínimo vigente é de apenas R$ 54,00 a mais do que o auxílio-alimentação de um edil pimentense? E o que sobra – além da subsistência – para alguém sem mandato que aufere esse valor ridículo como remuneração integral após ver a monta dissecada por impostos, água, luz, aluguel, custeio com mobilidade e alimentação?
Os vereadores de Pimenta envergonham Rondônia agindo na contramão das exigências cidadãs. No fim das contas nós somos os palhaços no show contratado pela plateia composta por essa gente displicente.
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VISÃO PERIFÉRICA
POR: VINICIUS CANOVA