VIOLÊNCIA! TRANSIÇÃO, MIGRAÇÃO, EVOLUÇÃO
Violência!
Testemunhei nesses últimos 35 anos como delegado de polícia a escalada da violência no Brasil. A linha do tempo começa para efeitos pedagógicos no período de 1984, ainda durante o regime dos Governos militares, data em que ingressei na polícia do Estado de Rondônia, Ex-Território Federal de Rondônia, ainda sob os auspícios do Governo Federal.
A paisagem mais comum era de colonos e de pequenos comerciantes, fugindo da crise das grandes capitais e atendendo ao chamado do Governo Federal para ocupar a Amazônia, com o slogan: “ocupar para não entregar”.
Milhares de famílias chegavam a todo momento em várias cidades de Rondônia, desembarcando nas rodoviárias, ocupando um lote de terreno urbano ou se embrenhando pela mata e nas mãos um título de terra adquirido através de prefeituras ou de empresas de colonização em convênio com o Incra.
Foi nessa circunstância que cheguei no interior do Estado de Rondônia para assumir a Delegacia de Polícia de Presidente Médici e logo em seguida de Rolim de Moura.
Em quase todos os inquéritos vinham em sua capa estampado o artigo 121 do Código Penal, homicídio, resultado de conflito pela posse da terra, do confronto de “grileiros” e “posseiros”.
Fazendeiros e sitiantes tentavam honestamente começar uma vida nova na lavoura ou na pecuária, plantando as primeiras lavouras de café, feijão, arroz e milho ou introduzindo as primeiras criações de gado, frangos e de suínos, formando assim o seu patrimônio. Na capital Porto Velho ou na cidade vizinha Ariquemes, onde a malária corria a solta, de igual forma a violência era no garimpo de ouro ou de cassiterita, onde milhares de pessoas em condições sub-humanas se arriscavam em busca do sonho de ficarem ricas.
Com o tempo, as divisas das propriedades foram se consolidando e a migração foi estabilizando, isso já a partir da década de 2000. Mudava 180 graus o mapa do crime, o número de homicídios despencava na área rural e ingressava na área urbana, à medida que o tráfico antes incipiente, se agigantava e começava uma relação perigosamente promíscua com o Estado.
O tráfico de cocaína antes feito para levar a droga da Bolívia para os grandes centros consumidores, começou a ter como destino o mercado interno, promovendo com isso uma legião de dependentes químicos que em sua maioria, impossibilitados de trabalhar, começaram a arriscar-se na prática do furto e do roubo, com o objetivo de terem recursos financeiros para comprar a cocaína, conhecida como “merla”.
Hoje, já em 2021, no final dessa nossa linha do tempo, infelizmente os profissionais da segurança pública testemunham a consolidação do crime organizado, infiltrado nos aparelhos de Estado, interferindo em políticas públicas e tendo a proteção de partidos de esquerda, que os consideram e os protegem com leis frouxas.
Bolsonarizar é necessário se quisermos dar um basta ao protagonismo de traficantes e suas legiões de escravos do vício, se quisermos andar pelas ruas em segurança ou seguros dentro de nossas residências.