VIVÊNCIAS E CONVIVÊNCIAS COM ABUSADO

30 de outubro de 2017 859

Vivências e convivências, com abusados na infância ou na adolescência, me deixam sempre indignada. São traumas e mais traumas e certa inadequação, no local onde se encontram, que carregam para sempre. Fica uma nódoa de culpa na vítima provocada pelo próprio abusador. Gente do mal mesmo, uma espécie de tarântula, que inocula o veneno e reage como se fosse provocado a corromper a pureza e os sonhos de gente miúda ou um pouco maior. São “como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de toda podridão” (Mateus 23, 27), como diz Jesus Cristo ao se referir aos escribas e fariseus. Não procuram ajuda para vencer seus impulsos sórdidos.
Aplaudi, portanto, a operação contra pedofilia, denominada “Luz na Infância”, que o Ministério da Justiça realizou em 24 Estados e no Distrito Federal, na semana que passou, prendendo 108 em flagrante. É um começo para romper essa teia de maldade.  Foram aprendidos ao menos 151 mil arquivos digitais compartilhados entre os suspeitos. Que horror saber quantos indivíduos buscam prazer na desgraça de menores de idade. 
Participaram da operação 1.100 policiais, e contou, ainda, com aparato internacional de inteligência dos Estados Unidos e União Europeia. Desenrolou-se na chamada “deep web” (camada da internet que não aparece nos resultados de buscas). As investigações começaram há seis meses. 
Para o Ministério, “‘Luz na Infância’ significa propiciar às crianças e adolescentes vítimas de abuso e violência sexual o resgate da dignidade, bem como tirar esses criminosos da escuridão, para que sejam julgados à luz da Justiça”.
E nesse “puxar” os criminosos da escuridão, uma pessoa de nossa cidade. Não é, portanto, um assunto distante. Há que se encontrar, também, um caminho para trazer à claridade outros criminosos, com laços de sangue ou não, que dispensam a internet, mas, dentro ou no entorno da casa de crianças, destroem a infância. 
Louvo todos aqueles que denunciam ou retiram do convívio na sociedade os pedófilos e quem estimula a pedofilia. Omissão e silêncio também são encorajamento para os pedófilos.

 

 

 

 

 

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE -

 Professora e cronista. Coordenadora diocesana da Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena/ Magdala. Jundiaí, Brasil.