A divulgação de notícias falsas e a relação com a má gestão da crise sanitária no Brasil

14 de maio de 2021 253

Nas últimas semanas, a CPI da Covid é o foco do Senado Federal, que busca investigar irregularidades e omissões por parte do governo federal com relação à pandemia. Dentre uma das vertentes de apuração, a forma como a comunicação foi utilizada pelos agentes públicos consta no plano de trabalho da comissão apresentada pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL). É fato que as fake news têm sido assunto recorrente quando se fala em governo Bolsonaro, mas qual o impacto que elas teriam sobre a pandemia?

Especialista em redes e mídias, Rodrigo de Vasconcellos explica que apesar de terem ganhado força com a internet, as fake news não são um fenômeno recente e já mudaram o curso da história ao longo dos séculos. O fato das mídias sociais terem conquistado espaço como um local para se informar, ao invés dos grandes veículos de comunicação, abre brecha para a disseminação das notícias falsas — segundo o Target Group Index, do Ibope, pouco mais de 11% da população brasileiros usa as redes sociais para se informar.

“Com relação à pandemia, esses conteúdos ilegítimos têm como consequência um enfrentamento ineficiente da doença. Ao se deparar com notícias que minimizam o cenário de contaminação e óbitos ou mesmo relacionadas a tratamentos precoces, os cidadãos passam a ser menos suscetíveis às medidas de contenção, podendo se negar a tomar as vacinas ou apostando na ingestão de remédios sem eficácia comprovada”, comenta Rodrigo de Vasconcellos.

Entre um dos principais motivos que levam uma parcela significativa das pessoas a acreditarem em fake news está o viés ideológico: os internautas estão propensos a acreditarem na notícia que condiz com as próprias ideias. “Em um momento de incerteza e politização da crise sanitária, os individuas querem notícias que tragam mais esperança. Não há problema nisso, mas quando as pessoas consomem apenas o que elas querem ver, na maioria das vezes uma notícia falsa, há um processo de alienação”, comenta o especialista.

No caso do Brasil, o problema está na origem dessas notícias. Muitas das grandes inverdades que circulam atualmente sobre a pandemia, como uso de medicamentos como ivermectina e hidroxicloroquina, bem como o não uso de máscara, partiram de grandes figuras do governo. “Quando levamos isso pras redes sociais, o fator autoridade conta bastante. A confiança na figura não significa que a notícia é verdadeira. É preciso checar em mecanismos de busca, sempre, a veracidade da informação”, alerta Rodrigo de Vasconcellos.

A CPI da Covid está investigando as contas do setor de comunicação do governo, buscando entender o papel dos patrocínios em campanhas publicitárias e cartilhas que geraram desinformação na população. O uso da comunicação, segundo a comissão, deveria ter sido um dos pilares centrais de enfrentamento da pandemia.

 

Sobre Rodrigo de Vasconcellos

Rodrigo de Vasconcellos Magalhães Cabral é empresário do ramo de marketing digital.  Natural do Rio de Janeiro (RJ) é especialista em marketing, mídias sociais e vendas, com foco em infoprodutos. Com receita de mais de 5 milhões de reais em pouco menos de três anos de atuação no mercado, se destaca como um dos profissionais mais promissores de sua área. Nas redes sociais, coleciona mais de 120 mil seguidores, os quais influencia diariamente a como ganhar dinheiro utilizando somente o celular e acesso à internet, trabalhando do conforto da casa delas. Além disso, ministra curso online sobre posicionamento, marketing, estratégia e vendas na internet.

Fonte: RODRIGO VASCONCELLOS