A HISTÓRIA SEMPRE SE REPETE

18 de janeiro de 2020 456

Quando não me apetece ler, folheio os livros da minha modesta biblioteca. Leio umas linhas e torno a fechá-los. Montaigne – se não estou em erro, – fazia o mesmo.

Desta vez, ao percorrer as lombadas, encontrei: “O Soldado Prático”, do nosso Diogo Couto (séc. XVI), e deparei, na Cena VI, uma grande verdade:

(…) “ Há muitos anos, que senão costuma buscar homens para cargos, senão cargos para homens.”

Há muitos anos, diz o autor, já se criavam cargos (como agora,) para colocar homens: amigos, correligionários, parentes…

Décadas atrás, conheci pobre homem, que se aventurou a concorrer a certo lugar, na firma onde trabalhava. Ao entregar a candidatura, declarou:

- “Quando se faz capela, já se sabe quem é o santo! …”

E não errou…

Sempre foi assim: quem não possui “ padrinho” (pistolão,) por mais dedicado, por mais conhecedor, que seja, raras vezes passa da cepa torta, como o vulgo costuma dizer.

Em verdes anos, pensei, que o mal era a ditadura em que se vivia. Enganei-me redondamente: em democracia é muito pior…

Jovem que não nasce em família rica e influente, se quer alcançar lugar de relevo, é obrigado abraçar a política e bajular o líder, se quer receber benesses.

O essencial é que não hajam escrúpulos. Ser como o famoso duque se Sabóia, Carlos Manuel – o vira casacas. - Tudo lhe servia desde que o servisse.

Ferrenhos Salazaristas, em Portugal, após a Revolução dos Cravos, passaram a desempenhar importantes cargos, e asseveravam, que sempre foram de esquerda! … Por ingenuidade ou medo, acreditavam nas suas palavras…

Na queda da Monarquia, o mesmo aconteceu: António Manuel Pereira, em :” Do Marquês de Pombal ao Dr. Salazar”, afirma: que quem comandava a escolta dos cadáveres do Rei e do Príncipe, dizia aos soldados: “Se algum de vocês virem algum republicano, atira-lhe como a cães!”…. Proclamada a Republica, acabou nomeado Governador Civil! …

Fez, como fazia o duque de Sabóia….

O Homem é sempre o mesmo.

A História sempre se repete…

NOÇÕES DE POLITICA - HUMBERTO PINHO DA SILVA