A tentativa de Lula de sair das cordas

10 de julho de 2025 30

Os trackings do Planalto já haviam identificado uma melhora na avaliação do governo antes mesmo do discurso de ricos contra pobres incendiar as redes sociais. Na avaliação da Secom, o escândalo do INSS havia, meses atrás, paralisado um ensaio de melhora dos índices e, com o decorrer das denúncias, o tema arrastou a aprovação do petista para baixo. A melhora antes das reação da esquerda contra o Congresso nas redes mostra, para os governistas mais otimistas, que Lula está saindo das cordas e que a crise do INSS já cobrou seu preço.

Talvez tenha sido por isso que o ministro Wolney Queiroz disse que o governo está animado com a CPMI. A base de Lula prepara no Congresso um contra-ataque, com dados e números que mostram que a raiz das fraudes na Previdência está no governo Bolsonaro. Outro ponto que o governo avalia que, se não vai melhorar, ao menos não vai piorar sua imagem é o começo do pagamento aos aposentados e pensionistas lesados. O Planalto quer deixar claro que ressarcir os cidadãos diante de uma fraude, sem judicialização, é um ato inédito no país.

A melhora da avaliação do governo foi revelada também esta semana pela pesquisa Atlas/Intel. Em relação a março, a aprovação de Lula cresceu cinco pontos percentuais, chegando a 42,9% em julho. A avaliação negativa no período mostrou-se estável: 40,9% em julho e 41% em março. A aprovação cresceu para além da margem de erro, que é de dois pontos para cima ou para baixo.

Mas esse não foi o único ponto da Atlas/Intel que animou a Secom. No embate com o Congresso Nacional, o governo levou a melhor nos dados divulgados. Enquanto 38% têm muita confiança no governo (o índice mais alto das instituições testadas, como Judiciário e Forças Armadas), o Congresso tem 3%. E a situação se complica para o presidente da Câmara, Hugo Motta, que tem 4% de avaliação positiva contra 47% de Lula. Davi Alcolumbre tem 3%. 

Se esse é o embate de agora, o petista está em melhores condições do que antes. Além disso, o governo e o PT apostam na boa fase da esquerda nas redes sociais, depois de só perder para a direita e a extrema direita desde 2018. Já com vistas a 2026, Lula tem a mesma rejeição (imagem negativa) de Jair Bolsonaro, 53%. Michele Bolsonaro tem 50%. E Tarcísio de Freitas, 47%. Por enquanto, cenário embolado.

Outra parte do levantamento que animou a Secom foi a avaliação de programas como o Farmácia Popular. A gratuidade dos medicamentos teve 77% de aprovação. Esse deve ser um ponto que a Secom vai usar para as campanhas publicitárias. Minha Casa Minha Vida e a exclusão do IR para quem ganha até R$ 5 mil têm 55% e 62% de aprovação, respectivamente.

Agora, é esperar para saber se causa impacto a investigação da PF, determinada pelo Supremo, que cita o nome do líder do governo na Câmara, José Guimarães. E como a população vai receber as medidas de Donald Trump contra o país.

Fonte: Tatiana Farah