AS LENTES DOS NOVOS E DOS VELHOS
Ao manusear as obras expostas num escaparate de livraria, encontrei, em certa ocasião, livro que folheei, ao acaso.
A determinado passo, deparei com frase, que ficou bailando na mente, por ser bem pensada, e muito verdadeira.
Autor? Não sei. Livro? Também não me recordo do nome, por mais que o rebusque na memória.
Dizia o autor, mais ou menos, isto: “ Os novos, se usam óculos é para verem ao longe; mas os velhos usam-nos para verem ao perto.”
Observação excelente! Maravilhosa metáfora! Na verdade, há dois modos de contemplar a vida: a dos jovens e a dos idosos.
Sartre, referindo-se a seu amigo Paul Nizan, disse: “ Pensávamos que o mundo era novo, porque nós éramos novos no mundo.”
Para eles, tudo era novidade: os reclames luminosos de Paris, a beleza e o encanto da Primavera…etc…etc… (“ Jean Paul Sartre” por Alfredo Margarido).
Os novos, colocam os olhos no futuro, em sonhos vãos, em ilusões e vaidades, que raras vezes conseguem realizar; sempre na esperança de atingir o ideal: para o mundo e para si.
Os velhos, pelo contrário, são ponderados e refletidos. Olham para o presente: para a vida quotidiana; para coisas palpáveis; seus sonhos são reais; porque, o futuro, para eles, é o presente.
Essa é a razão dos novos usarem lentes para verem ao longe; e os velhos, de olhos cansados, de muito viverem, olham o mundo com lentes de ver ao perto.
Ao visitar a “ minha” livraria, topo, quase sempre, junto com obras que se encontram em voga, outras escritas por ilustres desconhecidos, a que o livreiro chama: monos; mas quantas vezes excelentes, porque guardam, no seu seio, recheio precioso: sentenças, que nos fazem pensar e refletir, e não poucas vezes: meditar