Campanha eleitoral não tem espaço para achismos
PESQUISA – Toda divulgação de pesquisa de opinião que mensura o desempenho dos candidatos é um suplício para quem verifica que seu candidato não está bem avaliado. A primeira reação é desqualificar os percentuais e o instituto, embora todos, literalmente todos raivosos, não dispense a leitura dos números e a torcida para que na pesquisa seguinte o candidato em que se engaja na campanha reaja positivamente. Quando sobe, a pesquisa está certa. Quando patina, é manipulada. O problema é que pesquisa não muda em nada a opinião do eleitor e reflete apenas a realidade daquele momento em que são colhidos os dados. Mas o suplício é geral.
ACHISMO – Campanha eleitoral não tem espaço para improvisações nem achismos. Hoje as candidaturas de ponta monitoram o humor do eleitor para redirecionar os programas eleitorais e as respectivas peças publicitárias. Todo candidato que possui os dados corretos do que está ocorrendo na campanha erra menos. Numa eleição atípica e desapaixonada (exceto a dos engajados) pela maioria dos eleitores, a vitória fica mais perto de quem erra menos. O eleitor não é bobo e na hora de escolher sabe distinguir entre os concorrentes quem está pronto para governar. Bobo é quem acha de forma contrária.
DESCONEXÃO – Meses atrás em que as principais manchetes dos noticiários eram tomadas pelas notícias policiais que ruíram as principais estruturas partidárias do país e desvendaram os malfeitos das lideranças dos partidos, havia uma lógica teórica em intuir que o eleitor iria fazer uma varredura no Congresso Nacional com a eleição de pessoas diferentes das velhas raposas regionais. Os números divulgados nacionalmente têm surpreendido os analistas e indicam o retorno dos caciques ou dos próprios filhos com um Congresso Nacional tão conservador e desconexo com os anseios populares quanto o atual.
OUTSIDER - Nos governos estaduais também não há muitas novidades e as disputas estão circunscritas em nomes conhecidos dos eleitores. Não surgiu um outsider, a exemplo das eleições municipais, que despertasse o interesse do eleitor incrédulo. Como todos falam as mesmas coisas, o eleitor observa desconfiado, tende a evitar escolher uma aventura e termina se rendendo ao velho discurso.
FACADA – Mesmo com o ambiente beligerante que invadiu as mídias sociais a partir da polarização entre os partidários de Jair Bolsonaro (PSL) e os petistas, numa democracia plena todos deveriam por obrigação repudiar atos de violência como o que culminou com a facada no candidato do PSL. Depois do reprovável episódio esperava-se que os ânimos arrefecessem, mas o que testemunhamos é um clima de tensão e provocação mútuas. Bolsonaro, mesmo moribundo num leito hospitalar, divulga uma foto com pantomimas indicando sacar uma arma. É uma conduta igualmente reprovável.
SURPRESA – A candidata da Rede Sustentabilidade Marina Silva foi ultrapassada pelo candidato do PDT Ciro Gomes, segundo pesquisa divulgada anteontem pelo DATAFOLHA. Alguns analistas políticos ficaram surpresos, mas verificando as duas últimas campanhas nacionais em que a candidata da Rede chegou a liderar as pesquisas não há nenhuma surpresa já que Marina larga bem e perde fôlego na medida que os demais candidatos vão sendo conhecidos. A forma de fragilidade com que os marqueteiros expõem a candidata tem sido um erro que a cada quatro anos voltam a cometer.
REGISTRO – Era previsível que o Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia negasse o registro da candidatura de Acir Gurgacz (PDT) ao Governo de Rondônia. O que não era previsível era o tribunal retirar imediatamente toda a propaganda do candidato já que houve recurso contra a decisão e o instrumento manejado pela defesa do pedetista tem força de efeito suspensivo. Este caráter instrumental dos efeitos foi a razão pela qual a decisão não foi unânime, visto que a jurisprudência majoritária no Tribunal Superior Eleitoral é nesse sentido. A decisão de afastar o candidato da TV e Rádio é um prejuízo enorme à campanha, mas as consequências da decisão somente a próxima pesquisa estadual será capaz de mensurar.
PRECEDENTE - Uma decisão proferida pelo Tribunal Superior Eleitoral, nesta terça-feira (11), num caso análogo ao de Acir Gurgacz, onde uma candidata a deputada estadual que teve o registro impugnado pelo corte rondoniense retornou à campanha, abriu o precedente para que o pedetista consiga o mesmo tratamento e mantenha seguindo a campanha naturalmente até que o mérito do processo seja definitivamente julgado. O precedente é o gás que Acir precisava para conter o ímpeto dos palacianos que sonhavam com a substituição imediata.
MANTRA – Há um mantra repetido desde as convenções por palacianos e militantes do PSB para substituir Acir Gurgacz por Daniel Pereira ou Jesualdo Pires. Um mantra que tende a aumenta até o dia 17, data fatal para substituições de candidatos. O fogo amigo tem causado tanto estrago quanto a decisão do TRE. Dizem que o pedetista não anda de bom humor com os dois neossocialista e tem reagido com rispidez ao mantra.
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RESENHA POLITICA (ROBSON OLIVEIRA)
Jornalista, Advogado e colaborador do www.quenoticias.com.br - contato: robsonoliveirapvh@hotmail.com