Custo da desigualdade nos Estados Unidos é de US$ 23 trilhões

15 de setembro de 2021 116

A oportunidade de cada pessoa participar da economia segundo as próprias habilidades e esforço pessoal está na base de qualquer sociedade, não só no Brasil como na maioria dos países. Infelizmente, também na maior parte das nações, existem barreiras estruturais que interferem nesse direito para muitos. Mesmo trabalhando e se esforçando, as pessoas não conseguem obter um retorno justo e isso é a base de um dos maiores problemas de hoje: a desigualdade. Muito se discute as razões dela, mas o debate até agora estava de certa forma restrito a ganhadores e perdedores. Isto é, quem mais ganha com a desigualdade, geralmente os mais ricos, e quem mais perde, geralmente os mais pobres. Só que um estudo de quatro economistas americanos explica que não é bem assim. Numa sociedade onde há muita distância entre ricos e pobres, todos perdem alguma coisa.

O total de US$ 23 trilhões, ou US$ 666 bilhões por ano, é o quanto de riqueza a economia deixou de criar só nos Estados Unidos entre 1990 e 2019 por causa da desigualdade, segundo os autores da pesquisa, entre eles Mary Daly, dirigente do Federal Reserve, o banco central americano. As perdas atingem principalmente minorias, como negros e latinos, mas também mulheres. Com menos possibilidade de ganhos, esses grupos investem menos em si mesmos e buscam menos se qualificar. Como consequência, há uma queda geral na produtividade e um aumento na rotatividade entre os trabalhadores e, no fim, a economia como um todo cresce menos do que poderia crescer.

Fechar esse GAP, elevando os salários à média do que recebem os homens brancos, de acordo com o estudo, levaria a um ganho de 10% nos rendimentos dos trabalhadores americanos como um todo, e a um ganho de mais de US$ 1 trilhão por ano para a economia. Um dado a ser observado é que essa média das perdas de US$ 660 bilhões é menor e está acelerando. Hoje, a economia americana perde US$ 1,1 trilhão por ano. O estudo ressalta que essa disparidade não é necessariamente intencional. Isto é, não é necessariamente fruto do racismo ou outra forma de discriminação. Mas que precisa ser combatida igual. Não só porque perpetua uma injustiça e causa um mal-estar social, como também porque fere a economia. Essas conclusões valem para qualquer país onde a desigualdade é grande, principalmente o Brasil, um dos campeões do problema no mundo.

Fonte: JOVEM PAN