A corrida eleitoral maluca deve entrar agora em modo pausa. O início da Copa do Mundo, as festas juninas, e em breve o recesso do Congresso são pretextos.  A razão verdadeira é que, enquanto não forem fechadas as alianças, que definirão a musculatura de cada chapa, e não forem realizadas as convenções, oficializando a lista de concorrentes, não devem surgir fatos novos capazes de alterar o quadro atual.  Estes movimentos consumirão o resto de junho e o mês de julho.  Esgotam-se, assim, os resultados da pré-campanha. Em agosto, começa a campanha para valer.

A pausa tende a congelar o quadro atual, que é aquele apontado pela última pesquisa Datafolha e corroborado por outras sondagens, como a que o Ipesp fez esta semana, entre os dias 13 e 15, por telefone, por encomenda da Consultoria XP.  Em cenário com Lula, ele lidera com 29%, seguido de Bolsonaro com 19% e do não-voto (brancos, nulos ou nenhum candidato), com 16%. Depois vêm Marina Silva (10%), Geraldo Alckmin (7%), Ciro (6%), Álvaro Dias (6%) e a turma da lanterna, com 2% ou menos. Aqui, Bolsonaro encolheu, pois já teve até 26% na série XP/Ipesp, que chegou a seu quarto número. 

Em cenário sem Lula, a liderança é do não-voto (27%), seguido de Bolsonaro (21%), Marina (13%), Ciro (10%), Alckmin (8%), Dias (6%) e os demais, com 2% ou menos. Na pesquisa espontânea Bolsonaro e Lula encolheram, ficando tecnicamente empatados. O primeiro com 13%, o segundo com 12%. Nos cenários de segundo turno, só Lula derrota Bolsonaro. Pela segunda vez o instituto testou o nome de Fernando Haddad como candidato do PT, seguido do aposto “apoiado por Lula”. Novamente ele saltou de 3% para 11%, passando ao segundo lugar, numa confirmação do poder de transferência de votos do ex-presidente preso. 

E assim, salvo alguma ocorrência extraordinária e imponderável, pouco deve mudar, antes das convenções, neste quadro insólito: o candidato favorito está preso e deve ser impugnado, o segundo colocado está sólido mas não ultrapassa a fronteira da extrema-direita, a centro-direita, vitoriosa no impeachment,  tem vários candidatos, todos com poucas chances de chegar ao segundo turno.  Nas próximas semanas, o que vai se intensificar é a movimentação nos bastidores, em busca das alianças que serão sacramentadas pelas convenções entre os dias 15 de julho e 5 de agosto.

Uma das mais importantes definições é a do PSB, cujo apoio propiciaria musculatura, mais tempo de TV e capilaridade à candidatura de Ciro Gomes. Há duas semanas, diz o líder na Câmara, Júlio Delgado, 80% do partido tinham esta inclinação. “Mas o PT fez uma ofensiva muito forte, oferecendo a vice na chapa presidencial, apoio a candidatos nossos ao governo de vários estados, e isso alterou a situação”.  Delgado teme que a divisão leve o PSB a não apoiar ninguém, liberando os diretórios para fazerem seus jogos locais.  De todo modo, antes do final de mês, quando reunirá sua Comissão Executiva, o PSB não tomará nenhuma decisão. 

No próprio PT falta consenso sobre o tipo de aliança a ser negociada com o PSB. Alguns pretendem que ela seja nacional, com a indicação do vice na chapa de Lula ou seu substituto, outros preferem apenas os acertos estaduais.

O DEM é outro partido cobiçado. Seu pré-candidato Rodrigo Maia anda flertando com Ciro Gomes. Jantou com o irmão dele, Cid Gomes, esta semana. Mas outra ala do partido, composta por deputados influentes como José Carlos Aleluia e Pauderney Avelino, trabalha pelo apoio ao tucano Alckmin. Em Minas, o candidato demista ao governo, deputado Rodrigo Pacheco, pode desistir para se tornar vice do tucano Antônio Anastasia.

E seguem com seu leilão os partidos do Centrão, como PP, PR, SD, PROS e outros, enquanto o PMDB rumina sobre o que fazer com a candidatura de Meirelles, depois que o Datafolha revelou o elo entre a rejeição a Temer e os resultados econômicos.           

A POLITICA COMO ELA é (POR : TEREZA CRUVINEL)

Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247; E colaboradora do site www.quenoticias.com.br