Inflação deixa três de cada quatro produtos mais caros em agosto

11 de setembro de 2021 179

maior inflação para meses de agosto dos últimos 21 anos foi motivada pelo aumento nos preços de quase três em cada quatro produtos que compõem o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Do total de 377 itens que fazem parte da cesta de consumo dos brasileiros, 271 (71,9%) ficaram mais caros, 17 (4,5%) apresentaram estabilidade e 89 (23,6%) estão mais baratos em relação ao mês de julho, segundo o indicador que mede a inflação para as famílias com renda entre um e 40 salários mínimos.

O percentual equivale à maior difusão do índice oficial de preços em 2021, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Até então, as altas mais disseminadas haviam sido registradas nos meses de janeiro e abril, quando 65,5% dos produtos e serviços pesquisados ficaram mais caros.

"Não há o que não esteja subindo no momento. Sabemos que alimentação, energia e combustíveis estão puxando a alta de preços, mas vieram coisas fora da lista que estávamos imaginando para a inflação de agosto", avalia André Braz, economista responsável pelos índices de preços do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, a difusão contribui para analisar que a inflação se espalhou por toda a cadeia de bens e serviços da economia brasileira no mês. Ela classifica a movimentação como negativa para a dinâmica dos preços por elevar as preocupações das famílias e empresas.

"Estávamos vendo altas identificadas nos últimos dados de inflação, especialmente por conta da gasolina, da energia elétrica ou itens farmacêuticos. O dado de agosto mostrou que a inflação começou a se espalhar de uma maneira mais difundida", aponta Rachel.

A difusão fez o IPCA saltar 0,87% em agosto e registrar a maior alta para o mês desde o ano 2000. No acumulado do período de 12 meses, a variação dos preços se aproxima dos 10%, patamar já superado em oito capitais brasileiras.

Braz explica que a alta é ainda mais danosa para os mais pobres. "As famílias de baixa renda sempre carregam o piano, porque o que sobe de preço são itens que pesam mais no orçamento dela, como alimentos e energia elétrica", pontua ele.

O economista ressalta ainda que as altas do diesel e da energia elétrica provocam um "contágio" na cadeia de preços da economia, o que deve manter a inflação em nível alto devido à adoção da bandeira tarifária de "Escassez Hídrica", que trará aumento de 6,78% na tarifa média das contas de luz. “Esse aumento do preço da energia pode contaminar o preço de uma série de produtos e serviços consumidos no dia a dia”, afirma.

Inflação anual já supera 10% em oito capitais brasileiras

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  • Rio Branco (AC) - 
  11,97%A capital do Acre apresenta elevação significativa
nos preços do músculo (+69,59%), óleo de soja (+65,52%) e banana da terra (+57,97%)
nos últimos 12 meses
  • Campo Grande (MS) - 
  11,26%Na capital situada no Centro-Oeste destacam-se as
valorizações do repolho (+152,23%), tomate (+72,76%), óleo de soja (+52,65%)
e açúcar cristal (+45,88%) nos últimos 12 meses
  • São Luís (MA) - 
  11,25%A maior alta de preços apurada na capital
maranhense nos últimos meses também foi guiada pelo repolho (+73,36%).
Na sequência, aparecem óleo de soja (+63,98%), acém (+56,79%) e as passagens
aéreas (+54,13%)
  • Fortaleza (CE) - 
  11,2%A capital turística sofre com as altas nos preços
do óleo de soja (+74,78%), do feijão fradinho
(+47,43%),
do açúcar cristal (+36,76%) e dos revestimentos de piso e parede (+36,47%)
  • Vitória (ES) - 
  11,07%Os preços que mais disparam na localidade nos
últimos 12 meses foram o das passagens aéreas (+54,14%), do óleo de soja (+51,32%) e do açúcar
cristal (+45,68%)
  • Goiânia (GO) - 
  10,54%A inflação acima de 10% na capital entre setembro
do ano passado e agosto deste ano é influenciada pela disparada dos preços do
óleo de soja (+75,98%), do etanol (+64,76%) e do repolho (+56,35%)
  • Porto Alegre (RS) - 
  10,42%A capital situada
no sul do Brasil amarga reajustes significativos nos preços do chá de dentro (+55,64%),
do óleo de soja (+55,3%) e do tomate (+52,2%) ao longo do último ano
  • Belém (PA) - 
  9,76%Na capital paraense, a inflação dos últimos 12
meses traz altas relevantes nos preços do óleo de soja (+79,28%), das passagens
aéreas (+45,6%) e das carnes pá (40,87%), peito (+40,53%), alcatra (40,4%) e
músculo (+39,36%)
  • Recife (PE) - 
  9,65%De volta à região Nordeste, a capital de Pernambuco registra altas
significativas nos preços do óleo de soja (+76,4%), do etanol (+54,95%), do óleo diesel (+38,53%) e das passagens aéreas (+38,47%) no período
  • SP - ANIVERSÁRIO/SÃO PAULO - GERAL - Umas das principais avenidas de São Paulo, a Avenida Paulista é sem dúvida a mais importante por ser o coração finaceiro do Brasil, e também onde está situada o principal museu do país, o MASP (Museu de Artes de São Paulo). Centenas de turistas visitam a avenida diariamente. 23/01/2020 - Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
  • Aracaju (SE) - 
  8,79%No Sergipe, a alta do índice de preços é guiada pelo óleo de soja
(+66,04%), pelo peito (+43,6%), pelos revestimentos de piso e parede (+39,01%),
pelos pneus (+38,17%) e pela gasolina (+35,83%)
  • Vista da Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF) 21/04/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
  • inflação oficial de preços calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra metade das 16 capitais pesquisadas para a composição do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) com variação de preços acima dos 10% para o período entre setembro de 2020 e agosto de 2021, Em algumas delas, a alta já supera o dobro do teto da meta do governo para o ano. Confira a variação dos últimos 12 meses e cada um dos locais nas próximas fotos

    Tânia Rêgo/Agência Brasil

Fonte: Alexandre Garcia, do R7