Nestas profissões a progressão na carreira é “astronómica”

28 de julho de 2018 688

A procura por Portugal continua a bater recordes. Tem sido assim nos últimos anos. O país atrai milhões de turistas, mas a verdade é que são poucas as pessoas bem preparadas no setor para receber quem nos visita, resume Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal. O turismo cresce, mas o serviço pode ser melhorado. “Abriram-se consciências e percebemos que não se investe na formação”, começa por admitir, evidenciando que mais de metade da mão-de-obra disponível no mercado completou apenas o ensino básico. O presidente do Turismo de Portugal adianta que, em 2017, houve uma evolução, mas “pouco expressiva”. A percentagem de trabalhadores com o ensino básico baixou apenas cinco pontos percentuais, de 60% em 2016 para 59,5%. Para contornar esta situação, “a aposta na formação é o primeiro passo”, considera.

Atualmente, os 12 estabelecimentos de ensino do Turismo de Portugal formam três mil alunos por ano, refere Luís Araújo, que preside à entidade responsável pela promoção internacional do turismo nacional. Aponta ainda que os cursos têm níveis de empregabilidade a rondar os 90%, acrescentando que este “é o índice mais alto dos últimos dez anos”. O responsável reconhece que os baixos salários apontados ao setor não ajudam a cativar pessoal. Por isso, apela a que as empresas promovam a aposta na formação junto dos seus colaboradores utilizando um trunfo: a velocidade de progressão na carreira. “É astronómica”, exclama, acrescentando que “posições de chefia são facilmente atingidas em curtos prazos, de quatro ou cinco anos”. Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, admite que o governo está a acompanhar a evolução do emprego no setor. “A valorização dos recursos humanos no turismo é uma das prioridades”, refere ao Dinheiro Vivo. Para tal, uma das metas estabelecidas na Estratégia 2027 é precisamente duplicar o nível de habilitações de ensino secundário e técnico-profissional nesta atividade. Ana Mendes Godinho lembra os passos que foram recentemente dados: além de ter sido reforçado o investimento nas escolas de turismo, a oferta formativa foi articulada em todo o país e foram revistos currículos e programas intensivos de formação on the job. “É uma profissão muito exigente”, entende a governante, que afirma que “quanto mais qualificadas são as pessoas, mais indispensáveis se tornam para as organizações”. É tão simples como isto. Já aos empresários deixa uma mensagem: “têm de ter capacidade de reconhecer, promover e reter talento”. O que querem as empresas O setor contribuiu com “dezenas de milhares de postos de trabalho” para a economia nacional nos últimos dois anos, sublinha a secretária de Estado do Turismo. Foram criados 80 mil empregos para um universo de 370 mil trabalhadores. De que precisa o setor? De “pessoas tecnicamente bem preparadas”, diz Luís Araújo. “Um chefe de cozinha tem de perceber tanto de venda e digital ou de falar idiomas como alguém que está à frente de uma receção”, assume. No entanto, faz questão de sublinhar que “esta é uma atividade de capital intensivo” e que vive “de pessoas para pessoas”. Por isso, “introduzimos, no ano passado, aulas de teatro, storytelling, postura corporal e comunicação”, adianta o presidente do Turismo de Portugal. A ideia, explica, passa por reforçar as soft skills.