NO TEMPO DA PANDEMIA
Nesta época de quarentena, assisti, pela rádio, à transmissão de cerimónia religiosa: missa.
O sacerdote, na homilia, após explicar o Evangelho, acrescentou: “Ter que ficar retido em casa, nesta época de quarentena, apesar dos inconvenientes, tem a vantagem de conhecer quem são os nossos amigos.”
E concluiu, esclarecendo o que acabara de asseverar:
- “Apesar da maioria passar horas de grande aborrecimento, e desesperante ócio, “continuam” a não ter tempo, a não se lembrar de telefonar a familiares e amigos! …”
Em conversa telefónica com velho companheiro, este, num desabafo, declarou-me:
“ Passo semanas sem saber notícias dos amigos…”
- “ O curioso – disse-me, – é que quando lhes ligo, todos me dizem: “Estava agora mesmo a pensar em te telefonar! …”
Lembrava na interessante prática, o sacerdote, que era obra de caridade, nestes dias tristes e sombrios, telefonar aos amigos, para não se sentirem abandonados.
Tão habituado estou, a não receber essas atenções, que já não reparo quando não me telefonam ou respondem prontamente a cartas e emails.
Não têm tempo…Só encontram minutinho para me ligarem, se necessitam de favorzinho…Rima e é verdade.
Nesta época de tecnologia, que dispomos meios simples e rápidos de comunicar, parece, que cada vez mais, nos isolamos.
É egoísmo, desinteresse, ou indiferença? Para além do formalismo: Como está?; Bom dia!; Passe bem; quem se preocupa, quem se importa, realmente, se os outros, se encontram bem ou mal? Se eu e os meus, estamos bem: temos a dispensa cheia, dinheiro no banco e saúde, que importa os demais?! …