Nobel de economia afirma que privatizar para fazer caixa ‘é ruim’

25 de maio de 2019 271

Da Época:

 

O britânico Oliver Hart recebeu o Prêmio Nobel de Economia, em 2016, por suas colaborações à teoria dos contratos. Seus estudos apontam que privatizações podem não ser benéficas em alguns casos, como o de prisões de segurança máxima, porque os contratos firmados entre governo e empresa são incompletos, apresentando lacunas que permitem às empresas reduzirem os investimentos em prol de lucro maior.

Em entrevista à Agência Estado por telefone, o professor de Harvard diz ser “cético em uma privatização motivada pela necessidade de caixa” do governo, como no caso da Eletrobras, e defende a elevação de impostos (e não o corte de gastos dos governo) como principal medida para redução de déficit fiscal – o que, admite, não é uma “posição popular”.

 

O governo brasileiro planeja privatizar a maior estatal elétrica do País, a Eletrobras. A empresa tem prejuízo e há a intenção de o governo fazer caixa com a operação para reduzir o déficit fiscal. Como o sr. vê uma privatização com esse pano de fundo?

Não sou conhecedor da situação brasileira, então só posso falar de uma forma generalizada. Sou cético em relação a uma privatização motivada pela necessidade de caixa. O principal argumento para privatizar deve ser que a empresa pode funcionar de forma mais eficiente. Esse é o lado bom de uma privatização. O ruim é que a empresa pode não funcionar para atender o interesse público e usar seu poder de monopólio para aumentar preços, assumindo que essa é uma empresa enorme. A companhia privada persegue lucros mais do que qualquer coisa.

(…)