O que se sabe sobre o atirador dos EUA que ameaçava jornal há anos

A polícia de Annapolis tinha sido alertada, há alguns anos, para as potenciais intenções de Ramos, na casa dos 30 anos, único suspeito do tiroteio, logo detido. "Vai ser o próximo atirador em massa", tinha avisado uma mulher, alegadamente assediada e perseguida pelo homem (ao ponto de mudar de casa e de Estado), com quem falou o jornalista Jayne Millerda, da WBAL-TV, de Baltimore.
Ramos teria, em 2012, intentado uma ação por difamação contra a "Capital Gazette", na sequência de uma notícia publicada, um ano antes, sobre um caso de assédio sexual, em que era o principal suspeito, tendo, inclusive, acabado condenado pelo crime, avança a agência Associated Press. Um antigo editor do jornal, Thomas Marquardt, denunciou agora que o indivíduo começou a perseguir o jornal depois disso, tendo prometido vingança, durante anos, na Internet, contra a "Capital" e os jornalistas que lá trabalhavam. "Estava seriamente preocupado que nos pudesse ameaçar com violência física", disse Marquardt ao jornal britânico "The Sun".
A polícia local confirmou, em conferência de imprensa, que o homem tinha deixado uma série de ameaças contra o jornal, nas redes socias, nas horas que antecederam o ataque. O chefe da polícia interina do condado de Anne Arundel, William Krampf, disse que o ataque foi "preparado" e que o autor "procurou pelas vítimas". Carregando uma espingarda, entrou no edifício e atirou contra a porta de vidro que dava acesso à redação. Depois, disparou contra várias pessoas, relatou o jornalista Phil Davis, que estava na redação durante os disparos.
As autoridades ainda não confirmaram as motivações do ataque, adiantando que o suspeito não colaborou, durante os interrogatórios. Também a identificação foi dificultada, porque o suspeito não terá alguns dedos nas mãos, segundo avançou a "Fox News". Contudo, não se sabe se foi o próprio a mutilar-se ou se se trata de ferimentos decorrentes do ataque ou episódios anteriores.
"Capital Gazette" publicou jornal de sexta-feira
No rescaldo do tiroteio, os repórteres da "Gazette" que sobreviveram ao ataque voltaram ao trabalho, no terreno, onde tudo começou, e cobriram a tragédia que roubou a vida aos colegas. Garantindo que não seriam dissuadidos da sua missão jornalística por causa do tiroteio, houve quem trabalhasse a partir de casa e da garagem do edifício atacado. Foi com esforço e amor à causa que a edição de sexta-feira foi publicada, como tinha prometido, no Twitter, o próprio jornal ("Vamos lançar o raio de um jornal amanha", lia-se).
"Cinco mortos a tiro no 'Capital'", escreve em letras pretas e garrafais a primeira página do jornal. Em cima, as fotografias dos cinco trabalhadores que morreram e cujas identidades já foram reveladas.