Os Engenheiros do Hawaii na escolha do vice-reitor da UNIR
“Você precisa de alguém que lhe dê segurança; se não, você dança”. Essa é a mensagem que a reitora da UNIR precisa ouvir.
A Universidade Federal de Rondônia vive tempos difíceis. Dessa vez,
tão mais difíceis ainda, visto que há de um lado o tédio. De outro, a contagem de dias – nutrida pela expectativa do quanto pior, melhor – para o desencadeamento de uma nova crise institucional abreviadora de mandato.
Com a devida correção do pronome átono para melhor concordância com a terceira pessoa em face do uso do “você”, eis o refrão de um antigo sucesso do conjunto de rock Engenheiros do Hawaii: “Você precisa de alguém que lhe dê segurança; se não, você dança”. Essa é a mensagem que a reitora da UNIR precisa ouvir. E seria bom que a tivesse ouvido antes de escolher seu candidato a vice-reitor, pois a votação ocorre já nesta quarta-feira, 7 de agosto.
Gestão não é o forte no currículo da reitora Marília Pimentel, inclusive sua passagem
pela chefia do departamento acadêmico de letras foi marcada por fortes tensões.
Por ser desprovida de uma experiência minimamente significativa em assuntos de gestão, a atual reitora tem tido dificuldade, sobretudo na condução dos trabalhos do Conselho Superior Universitário.
Para agravar o quadro, não bastasse a evidenciação de sua carência de habilidades
para a gestão superior, tornou-se a cada dia mais visível a dependência de
orientações de terceiros, fenômeno administrativo que, já desde bem antes de Richelieu, mostra que o exercício do poder pode ocorrer de forma indireta, não
residindo no cargo nominalmente maior, mas em cargo acessório exercido por quem
tenha ascendência sobre quem está investido no cargo central. E isso já se tornou notório.
O resultado dessa coisa toda – ou, mais precisamente, dessa! coisa nenhuma – é
que esse vazio de gestão contaminou já boa parte da comunidade acadêmica,
gerando pelo menos dois tipos básicos de comportamento: 1) os que já enxergaram
que a vaca tende a caminhar para o brejo e apenas aguardam que o quadro se agrave até se tornar insustentável, repetindo-se o que ocorreu com a reitora anterior;
2) os que, até por conhecerem o reto perfil acadêmico e pessoal da professora Marília Pimentel, enxergam absoluta ausência de intencionalidade da atual reitora em conduzir as coisas da forma que estão sendo conduzidas; e percebem que é
possível salvar a UNIR de mais uma crise institucional. Para isso dispondo-se a
contribuir com a atual gestão e com a Universidade, não por poupar críticas, mas
exatamente por exercer um raciocínio crítico, porém em dimensão efetivamente
institucional, jamais ad homine.
Ser subserviente à atual! reitora ou fazer-lhe oposição sistemática e automática são
apenas duas formas diferentes de conduzir a um mesmo resultado: repetição da desgraça institucional. O momento que a Universidade ora atravessa exige que, na
eleição para vice-reitor, haja por parte dos votantes a boa vontade em optar por quem reúna em seu perfil traços que evidenciem a capacidade e a vontade de trabalhar no sentido de dar à direção superior a complementação necessária para
sustentar a gestão. Sim, é para isso, principalmente, que deve servir um vice-reitor.
Mas é preciso ter estofo para abraçar uma empreitada dessas. Desse modo, a eleição para vice-reitor da UNIR ganha um caráter todo especial. Não se trata de escolher um substituto eventual para as férias, licenças e viagens da reitora. Mas eleger alguém que traga não apenas a experiência de gestão universitária
necessária e a capacidade de diálogo e interação junto a todas as instâncias e
departamentos, mas tenha, além da boa índole, a efetiva disposição para suprir a
atual gestão desse amálgama tão necessário para que a Universidade Federal de
Rondônia faça jus ao significado de sua singela sigla.
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EDSON LUSTOSA
Edson Lustosa é jornalista há 30 anos e coordena o projeto Imprensa Cidadã, do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito e Justiça. Escreve às segundas, quartas e sextas-feiras especialmente para o Que Notícias?.