PCC pagou R$ 800 mil a policiais que faziam videochamada da prisão
São Paulo — Os policiais civis Valmir Pinheiro, conhecido como Bolsonaro (à esquerda na imagem), e Valdenir Paulo de Almeida, apelidado de Xixo (à direita), são acusados de receber propina de R$ 800 mil para arquivar investigações sobre tráfico de drogas. Ambos estão presos preventivamente desde setembro passado.
Segundo apuração do Ministério Público de São Paulo (MPSP), o valor teria sido pago pelo narcotraficante João Carlos Camisa Nova Júnior para livrá-lo de diligência sobre envio de toneladas de cocaína para a Europa.
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As investigações indicam que o pagamento de propina aos policiais era feito mensalmente por advogados do Primeiro Comando da Capital (PCC) entre 2020 e junho de 2021. A propina resultou no arquivamento de apurações e na interrupção de inquérito policial realizado pelo Departamento de Narcóticos (Denarc).
Relembre o caso
- Os policiais foram indiciados por crimes contra a administração pública, usura, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
- O delator do PCC Vinícius Gritzbach, morto com 10 tiros de fuzil no Aeroporto de Guarulhos, em 8 de novembro, teria informado a Bolsonaro e Xixo a localização de 15 casas cofre da facção, onde ficavam escondidos milhões de reais em espécie.
- Os policiais teriam ido aos locais, sem mandado, e se apropriado dos valores, causando prejuízo de R$ 90 milhões aos criminosos. Bolsonaro e Xixo foram citados por um integrante do PCC identificado como Tacitus em mensagens enviadas ao próprio Gritzbach e a delegados.
- “O Vinícius passou informações das ‘casas cofre’ para o Xixo e o Pinheiro, esses policiais invadiram as casas ‘cofre’ sem mandado judicial, roubando milhões de reais em espécie da ’empresa’”, afirma o faccionado.
Celulares
Nessa terça-feira (4/2), os investigadores foram alvo de busca e apreensão em operação deflagrada pelo MPSP e da Corregedoria da Polícia Civil.
Segundo as apurações, os policiais usavam celulares dentro do presídio para se comunicar com comparsas por meio de videochamadas e pressioná-los a omitir informações em depoimento. O MPSP afirma que os celulares entraram na cadeia com ajuda de dois familiares dos suspeitos.
A ação apreendeu 23 aparelhos celulares dentro de celas do presídio da Polícia Civil, na avenida Zaki Narchi, zona norte de São Paulo, onde estão presos agentes suspeitos de ligação com o PCC.
Foram encontrados na vistoria: 23 celulares (o presídio mantém, atualmente, 69 presos); R$ 21.672,15; 11 smartwatches; 14 carregadores de celular; 26 fones de ouvido; pequena quantidade de droga; dólares, euros e um notebook.