Plano Trump para Gaza gera crise diplomática global e acusações de limpeza étnica

6 de fevereiro de 2025 48

Em um momento de crescente tensão no Oriente Médio, a proposta do ex-presidente Donald Trump de "assumir o controle de Gaza" provocou uma onda de indignação internacional e acusações de promover limpeza étnica. O anúncio, feito durante encontro com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Washington, gerou reações imediatas da ONU e líderes mundiais.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, emitiu um alerta contundente, afirmando que o plano "equivaleria a uma limpeza étnica" e poderia "tornar impossível um Estado palestino para sempre". A declaração foi acompanhada por manifestações em frente à Casa Branca, onde manifestantes bradavam "A Palestina não está à venda!" e "Donald Trump pertence à prisão!".

Reações internacionais e diplomacia

O enviado palestino às Nações Unidas, Riyad Mansour, enfatizou o direito inalienável do povo palestino de permanecer em Gaza, enquanto protestos se intensificavam em Washington. A proposta gerou particular preocupação entre aliados históricos dos Estados Unidos no mundo árabe.

No Brasil, o presidente Lula criticou duramente a postura de Trump, classificando suas declarações como "irresponsáveis e sem consequência", destacando a necessidade de uma solução diplomática para o conflito.

Contexto histórico e implicações

A proposta surge em um momento particularmente sensível do conflito Israel-Hamas, com mais de 23.000 palestinos mortos desde outubro de 2023, sendo 70% civis, segundo dados da ONU. O plano de Trump representa uma ruptura significativa com décadas de política internacional que busca uma solução de dois Estados para o conflito.

Impacto humanitário

O cenário atual em Gaza já apresenta:

  • 4,2 milhões de palestinos em risco de fome

  • 87% das escolas destruídas ou danificadas

  • 18 hospitais totalmente inoperantes

  • US$ 48 bilhões em perdas econômicas regionais

Perspectivas futuras

Especialistas alertam que a implementação de tal plano poderia desestabilizar ainda mais a região e comprometer décadas de esforços diplomáticos para uma paz duradoura. A comunidade internacional continua mobilizada em busca de uma solução que garanta tanto a segurança de Israel quanto os direitos do povo palestino.

Linha do tempo: A complexa história de Gaza e os interesses geopolíticos

1917-1947: Período do Mandato Britânico

  • 1917: Declaração Balfour promete "um lar nacional para o povo judeu" na Palestina

  • 1922: Liga das Nações concede à Grã-Bretanha o Mandato sobre a Palestina

  • 1936-1939: Grande Revolta Árabe contra a imigração judaica e domínio britânico

  • 1947: ONU aprova plano de partilha da Palestina em dois estados

1948-1967: Formação de Israel e primeiros conflitos

  • 1948: Declaração de Independência de Israel e primeira guerra árabe-israelense

  • 1949: Gaza fica sob administração egípcia

  • 1956: Crise de Suez - primeira grande intervenção militar na região

  • 1964: Criação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP)

1967-1987: Ocupação e resistência

  • 1967: Guerra dos Seis Dias - Israel ocupa Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental

  • 1973: Guerra do Yom Kippur - EUA aumentam apoio militar a Israel

  • 1978: Acordos de Camp David - primeiro acordo de paz árabe-israelense

  • 1982: Invasão israelense do Líbano.

  • 1987-2005: Intifadas e Processo de Oslo

  • 1987: Primeira Intifada

  • 1993: Acordos de Oslo - reconhecimento mútuo entre Israel e OLP

  • 2000: Segunda Intifada

  • 2005: Israel retira colonos e forças militares de Gaza

  • 2006-2023: Era Hamas e conflitos recentes

  • 2006: Hamas vence eleições em Gaza

  • 2007: Hamas assume controle total de Gaza

  • 2008-2021: Múltiplas operações militares israelenses em Gaza

  • 2023: Ataque do Hamas em 7 de outubro e resposta israelense

  • Interesses americanos na região

  • Estratégicos:

  • Manutenção de base militar aliada no Oriente Médio

  • Controle de rotas marítimas estratégicas

  • Contenção da influência de potências rivais (Rússia, China, Irã)

  • Políticos:

  • Garantia de estabilidade regional

  • Proteção de aliados estratégicos

  • Manutenção da influência americana no Oriente Médio

  • Econômicos:

  • Acesso a mercados regionais

  • Controle indireto sobre recursos energéticos

  • Venda de armamentos e tecnologia militar

  • Interesses Israelenses

  • Segurança:

  • Controle de fronteiras

  • Prevenção de ataques terroristas

  • Manutenção de superioridade militar regional

  • Territoriais:

  • Expansão de assentamentos

  • Controle de recursos hídricos

  • Jerusalém como capital indivisível

  • Políticos:

  • Reconhecimento pelos países árabes

  • Manutenção do apoio americano

  • Legitimidade internacional

  • Fontes:

  • Instituto de Relações Internacionais - "História do Conflito Israel-Palestina"

  • Foreign Policy Journal - "US Strategic Interests in the Middle East"

  • Middle East Institute - "Gaza Timeline: From British Mandate to Present"

  • Council on Foreign Relations - "Israeli-Palestinian Conflict"

  • Brookings Institution - "US Policy in the Middle East"

  • RAND Corporation - "American Interests in the Middle East"

  • The Washington Institute - "US-Israel Strategic Cooperation"

  • Journal of Palestine Studies - "Gaza Under Siege"

  • International Crisis Group - "Understanding the Gaza Conflict"

  • Carnegie Endowment - "Israel's Security Interests"

  • Foreign Affairs - "The Future of US-Israel Relations"

Fonte: ALAN ALEX