Afeganistão: 20 Anos de ocupação americana e o legado de uma guerra fracassada
O Afeganistão, palco de disputas históricas e conflitos geopolíticos, viveu duas décadas sob ocupação americana. O que começou como uma resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 se transformou na mais longa guerra da história dos Estados Unidos, culminando com a retirada das tropas e o retorno do Talibã ao poder em 2021. Mas qual foi o verdadeiro impacto dessa intervenção no país asiático?
Linha do Tempo: A Guerra dos EUA no Afeganistão
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11 de setembro de 2001: Ataques terroristas nos EUA
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7 de outubro de 2001: Início da Operação "Liberdade Duradoura"
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Dezembro de 2001: Queda do regime Talibã
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2004: Hamid Karzai eleito presidente do Afeganistão
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2011: Morte de Osama bin Laden
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2014: Fim oficial da missão de combate da OTAN
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29 de fevereiro de 2020: Acordo de paz entre EUA e Talibã
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31 de agosto de 2021: Retirada final das tropas americanas
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Caçada a Osama bin Laden até sua morte:
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Início da caçada: Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, Osama bin Laden tornou-se o alvo principal da "guerra ao terror" liderada pelos Estados Unidos. A busca por ele começou imediatamente após os ataques, com suspeitas de que ele estivesse escondido no Afeganistão.
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Período de buscas intensas: Durante anos, as forças militares e de inteligência dos Estados Unidos realizaram buscas incessantes por bin Laden. Esse período foi marcado por um silêncio absoluto por parte do líder da Al-Qaeda, que se tornou um fantasma para as autoridades americanas.
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Descoberta de pistas: Em 2007, a inteligência dos EUA conseguiu um avanço significativo ao descobrir o nome de um mensageiro de confiança de bin Laden. Essa informação foi crucial para rastrear o paradeiro do líder terrorista.
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Localização do esconderijo: A partir da descoberta do mensageiro, as agências de inteligência americanas conseguiram rastrear e localizar o suposto esconderijo de bin Laden. Foi identificado um complexo fortificado em Abbottabad, no Paquistão, onde acreditava-se que ele estivesse se escondendo.
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Operação Neptune Spear: Em 2 de maio de 2011, uma equipe de Navy SEALs dos Estados Unidos realizou uma operação secreta no complexo em Abbottabad. A operação, conhecida como "Neptune Spear", resultou na morte de Osama bin Laden.
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Anúncio da morte: O presidente Barack Obama anunciou oficialmente a morte de Osama bin Laden em um discurso televisionado na noite de 1º de maio de 2011 (horário dos EUA). A notícia foi recebida com celebrações em várias partes do mundo, marcando o fim de uma década de busca pelo líder da Al-Qaeda.
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A morte de Osama bin Laden representou um marco importante na "guerra ao terror" e foi considerada uma vitória significativa para os Estados Unidos. No entanto, é importante notar que, mesmo após sua morte, o legado de bin Laden e as consequências dos ataques de 11 de setembro continuaram a influenciar a política internacional e as relações entre o Ocidente e o mundo islâmico.
O legado da ocupação
Após 20 anos de presença militar americana, o Afeganistão encontra-se em uma situação de extrema fragilidade. Segundo Mariana Bernussi, professora de relações internacionais do Ibmec-SP, "quase 18 milhões de pessoas precisam de algum tipo de ajuda externa para sobreviver". A realidade é ainda mais alarmante quando se observa que mais de 10 milhões de crianças estão fora das escolas e 50% das crianças sofrem de desnutrição.
O professor Luiz Felipe Osório, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), resume a situação de forma contundente: "Parece que o fim do poço nunca chega, mas sempre pode afundar um pouquinho mais". Esta afirmação reflete o fracasso evidente da intervenção americana, que não conseguiu estabelecer uma democracia estável nem erradicar o terrorismo na região.
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O retorno do Talibã
Ironicamente, o grupo que os Estados Unidos pretendiam derrotar em 2001 acabou fortalecido ao longo das duas décadas de ocupação. O Talibã, que retomou o poder em 2021, agora busca uma postura mais moderada nas relações exteriores, embora mantenha práticas internas controversas, especialmente em relação aos direitos das mulheres.
Um dado alarmante é o aumento exponencial do cultivo de papoula no país. Segundo Bernussi, "o plantio de papoula no Afeganistão foi nesses 20 anos de 8 mil hectares para 230 mil hectares". Este crescimento do narcotráfico se tornou uma das principais fontes de renda do atual governo Talibã.
Os verdadeiros vencedores da Guerra
Enquanto o povo afegão sofre com as consequências do conflito, alguns setores lucraram significativamente com a guerra. O complexo industrial militar dos Estados Unidos foi um dos grandes beneficiários, com contratos bilionários para fornecimento de equipamentos, armas e serviços. De acordo com Bernussi, entre 2001 e 2023, foram gastos impressionantes US$ 8 trilhões com a guerra global ao terror.
Além das empresas de defesa, think tanks e grupos de estudos em universidades também se beneficiaram, recebendo financiamento para produzir análises que justificassem a invasão e a permanência das tropas americanas no Afeganistão.
A retirada das tropas americanas em 2021 marcou o fim de uma era para o Afeganistão, mas não o fim dos desafios enfrentados pelo país. Com o retorno do Talibã ao poder, o futuro da nação permanece incerto. A comunidade internacional agora observa atentamente como o novo governo lidará com questões cruciais como direitos humanos, desenvolvimento econômico e combate ao terrorismo.
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O legado da ocupação americana no Afeganistão serve como um lembrete sombrio dos limites do poder militar na resolução de conflitos complexos e na construção de nações. As cicatrizes deixadas por duas décadas de guerra continuarão a moldar o destino do país e de sua população por muitos anos vindouros.