Há filmes de baixo orçamento que calham de ser muito bons, mas passam despercebidos porque as empresas distribuidoras e exibidoras investem muito pouco, às vezes nada, na sua promoção. Não são propriamente lançados, mas sim jogados, em salas menores e/ou nas prateleiras de locadoras. Só por acaso algum deles é notado por quem procura alguma alternativa à mesmice avassaladora.
Eu descobri O dia de satã (d. Ferde Grofé Jr., 1988) quase três décadas atrás, entre pilhas de ofertas de fitas VHS do gênero terror; gostei da sinopse, mas, afora ela, o único atrativo era a participação do veterano ator Cesar Romero, ainda ativo aos (então) 81 anos.
Foi uma grata surpresa. O roteiro era mesmo ótimo: para salvar seu vilarejo de um perigo terrível, o fundador faz um pacto com o demônio, pelo qual este tomaria posse do dito cujo durante um dia a cada ano, transformando-o numa filial do inferno.
Dois mochileiros estadunidenses, quando o ônibus que os transportava quebra no meio do nada, avistam a cidadezinha ao longe e decidem abrigar-se lá, contra os alarmados conselhos de motorista e companheiros de viagem. Não dão bola.
...é fichinha perto deste! |
Ao chegarem, encontram todos os moradores estão indo embora para passar o dia sinistro fora dos limites da maldição. Eles, evidentemente, não acreditam em nada daquilo e pagam pra ver. Suas peripécias serão inusitadas e surpreendentes. Vale a pena dar um crédito de confiança para este filme.
Outro crítico que apontou O dia de satã como uma ave rara foi Felipe M. Guerra, no site Boca do inferno. Seu post, enorme, está aqui, mas não o recomendo para quem prefira ficar longe de spoilers. Citarei um trecho inofensivo:
Outro crítico que apontou O dia de satã como uma ave rara foi Felipe M. Guerra, no site Boca do inferno. Seu post, enorme, está aqui, mas não o recomendo para quem prefira ficar longe de spoilers. Citarei um trecho inofensivo:
"De uma forma simples e com um orçamento visivelmente reduzido, o filme conta uma história sem grandes complicações, mas com uma capacidade extraordinária de acrescentar mais e mais elementos à sua própria mitologia. Assim, o que começa como mais um historinha igual a muitas outras logo vai tomando proporções maiores, desenvolvendo uma trama bem mais interessante e detalhada".