Alemanha trava venda de tecnologia sensível demais para a China

4 de julho de 2024 54

Foto: Ingo Joseph/Pexels

Alemanha recentemente impôs um veto significativo à tentativa de venda de uma importante subsidiária de turbinas a gás da Volkswagen para uma empresa estatal chinesa. Esta medida intensifica ainda mais as tensões comerciais entre a Alemanha e a China, um de seus maiores parceiros econômicos. A subsidiária em questão, a MAN Energy Solutions, faz parte do colosso alemão Grupo Volkswagen e especializa-se na fabricação de grandes turbinas a gás.

No meio de 2023, a MAN Energy Solutions anunciou planos para vender esta divisão para a CSIC Longjiang GH Gas Turbine Co (GHGT), uma empresa controlada pelo governo chinês. Contudo, preocupações com a segurança nacional emergiram durante a revisão do negócio pelo governo alemão, iniciada em setembro. A temeridade principal era que a tecnologia das turbinas pudesse ser utilizada para propósitos militares pela China, particularmente na propulsão de navios de guerra.

O que motivou a Alemanha a bloquear a venda?

Além das implicâncias militares suscitadas, o bloqueio do negócio é também reflexo de uma postura mais cautelosa e defensiva de Berlim em relação aos investimentos estrangeiros em setores críticos. Durante uma coletiva de imprensa, o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, sublinhou que embora a Alemanha esteja aberta a investimentos estrangeiros, é vital proteger tecnologias cruciais à segurança nacional de nações com as quais o relacionamento pode ser complicado ou até hostil.

Como a decisão impacta as relações sino-alemãs?

Até recentemente, a Alemanha e a China mantinham um robusto intercâmbio comercial, que totalizou cerca de €255 bilhões em 2023. Entretanto, esta não é a primeira vez que Berlim adota medidas restritivas contra interesses chineses, tendo em novembro de 2022 também vetado a aquisição de uma fábrica de semicondutores por uma firma chinesa. Esta série de decisões revela um esforço alemão de reduzir a dependência econômica e proteger indústrias chave, evocando a experiência negativa com a Rússia e a subsequente crise energética causada pela guerra na Ucrânia.

Qual a reação da China ao bloqueio?

O governo chinês, por sua vez, expressou descontentamento com a decisão alemã, considerando-a uma politização desnecessária da cooperação comercial normal. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China solicitou que a Alemanha oferecesse um ambiente de negócios justo e não discriminatório para todas as empresas, inclusive as chinesas. Com uma clara preferência por um campo de jogo equitativo e aberto, a China continua a esperar uma relação comercial estável com a Alemanha, apesar dos recentes revezes.

Enquanto a decisão de bloqueio parece estar firmemente baseada em preocupações de segurança, ela sublinha a complexidade e delicadeza das relações comerciais e diplomáticas internacionais na era moderna. Com a globalização entrelaçando cada vez mais as economias mundiais, cada movimento neste tabuleiro afeta não apenas as duas nações diretamente envolvidas, mas também o mercado global em um sentido mais amplo.

 

 

Fonte: Redação O Antagonista