Árvores também falam
Por milhões de anos, nós, árvores, convivemos com dinossauros, mas, vivíamos em paz com a nossa espécie e com os nossos semelhantes. Produzir muitos frutos, ter bastante folhas, galhos frondosos, flores na primavera, eram um mero detalhe. Mas, segundo aqueles que diziam nos defender, fazíamos toda a diferença na temperatura do planeta e influenciávamos de forma direta na nossa vida, na dos animais classificados como irracionais pelos que se autodefinem como racionais, enfim, éramos importantes para a manutenção da vida na Terra. Éramos, verbo ser no pretérito imperfeito, para tudo ficar perfeito.
Até que um dia nossos vizinhos foram embora sem ao menos termos a oportunidade de nos despedir e, tudo indica, que poderemos ser o próximo alvo, isso em nome do progresso, não nosso, mas, dos humanos. Houve um período em que servíamos para purificar o ar e os passarinhos faziam ninhos em nossas mãos. Antes de irem embora, esses passarinhos que já não eram mais verdes, nos disseram que a estação das flores que embeleza um lugar talvez seja vista apenas nos livros, que já não estarão mais nas bibliotecas.
Ainda não sabemos se existem órgãos que possam atuar em nossa defesa, afinal, dizem alguns, o momento requer cautela e o nosso destino pode estar selado. Também não ouvimos a voz de quem nos possa representar, mas, possivelmente trata-se de uma questão mais ampla, já que muitas são as esferas e os interesses, idem.
Oito ou Oitenta, parece que tanto faz. Precisamos de alguém que nos vejam como aliados dos humanos, não como uma água que só é importante na hora da sede. Aliás, por falar nisso, os humanos com a inteligência que lhes foi concedida, criaram a fórmula desse líquido tão precioso, mas não conseguem fabricá-lo.
Portanto, ainda dependem de nós e, mesmo sabendo disso, nos tratam de uma forma que não nos agradam. E, muito menos, a aqueles que, de verdade, nos defendem. Mas, quem são eles? O que estão fazendo, se é que estão? Em nossos ouvidos ecoam uma voz que é tão alta e ao mesmo tempo silenciosa. A nossa pergunta de hoje será a de amanhã dos que, pela inteligência e perspicácia se tornaram o que são em pleno Século XXI: E agora, quem poderá nos defender? Com a palavra, ou não, os humanos.