Bengala, chapéu, boné, touquinha, coletes, boina militar e cores da seleção: por que os políticos de Rondônia gostam de se fantasiar?

18 de julho de 2024 49

Porto Velho, RO – Algumas personalidades políticas de Rondônia ficaram registradas na história do estado não apenas pelo legado deixado – sejam bons ou ruins –, mas também em decorrência dos adereços utilizados em suas épocas.

Jerônimo Santana, por exemplo, era o “Homem da Bengala”; Múcio Athayde, ex-deputado federal de Rondônia, “O Homem do Chapéu”; e Ivo Cassol absorveu naturalmente essa alcunha posteriormente. Outros, a partir daí, apareceram já num formato bastante artificial, exigindo o uso de suas indumentárias exóticas, inclusive em Plenário, como o ex-deputado Alex Testoni, atual prefeito de Ouro Preto d’Oeste; e DJ Moisés Costa, ex-vereador de Porto Velho. Ambos adoravam bonezinho e não o tiravam – e não tiram até hoje –, nem com reza brava.

Espontâneos ou não, artificiais ou não, esses símbolos acabam se atrelando às personalidades e se tornam lembranças recorrentes na mente da população.

E talvez seja por esses marcos consagrados que figuras mais novas na política também recorreram a outros tipos de fantasias. O Rondônia Dinâmica apontou que até há pouco tempo a pré-candidata à Prefeitura de Porto Velho Mariana Carvalho, hoje no União Brasil, optou por fazer “cosplay” de “Véio da Havan” a fim de sinalizar para o eleitorado mais à extrema-direita. Atualmente, especialmente após perder o pleito em 2022 e assistir ao candidato do espectro, Marcos Rogério, do PL, ser derrotado na corrida pelo Palácio Rio Madeira, ela regressou à naturalidade na hora de compor seu vestuário.

Já sobre a moda dos coletes, semelhantes aos usados por flanelinhas ou fiscais de obras, já houve quem acertou em cheio e quem não conseguiu engatar. Apesar dos problemas com a Justiça, o ex-vereador de Ariquemes, Rafael “É o Fera”, foi muito bem recebido pela sociedade enquanto, em suas denúncias e exposições, usava o modelito com os dizeres “Fiscal do Povo”. A sorte resolveu não sorrir, no entanto, para o conhecido advogado Breno Mendes, que, volta e meia, surge também vestido com a marca de “Fiscal do Povo”. Os dois devem tentar emplacar mais uma vez agora em 2024.

A última a adotar o coletinho, mas um pouco diferente, agora no modelo mais ao estilo “servidora do Ibama”, foi Euma Tourinho, ex-juíza e pré-candidata do MDB ao Executivo municipal. Para deixar claro que não trabalha em órgãos ambientais, Euma já tratou logo de gravar um vídeo pedindo a Luciano Hang, dono da Havan, que coloque de volta a estátua em sua loja. O símbolo da empresa foi queimado em 2023 e até hoje os culpados não foram responsabilizados. Com isso, ela deve trazer para perto de si o potencial votante conservador e se equilibrar ao centro, enquanto a imagem de Confúcio Moura, senador aliado do presidente Lula, do PT, faz o serviço para o lado esquerdo.

Em Brasília, por fim, Coronel Chrisóstomo usou a boina militar durante boa parte do seu primeiro mandato, mas parece ter cansado do adereço, largando-o aos poucos.

Por outro lado, seu colega Fernando Máximo, do União Brasil, já vinha usando a touquinha azul cirúrgica o tempo inteiro desde a sua atuação como secretário de Saúde (Sesau/RO). De fato, deseja preservar o adereço como sua marca registrada.

Em suma, entre políticos que, acidentalmente, foram consagrados por seus adereços e os que forçam a barra para registrar uma imagem artificial, o que se pode extrair, de fato, em termos de ressonância eletiva?

Se os emperiquitados fossem comparados aos políticos “normais”, que só fazem o seu trabalho, estariam, ao menos em número de adeptos, numa faixa com probabilidades menores de chegar ou manter o Poder. O eleitorado até compra o despojado, mas nem sempre tolera palhaçadas, e a linha entre uma coisa e outra é muito, muito tênue.

Mas todos os postulantes são livres para agir como quiserem, ainda que queiram se vestir como se comprassem seus enfeites numa espécie de bazar móvel trazido pelo Seu Madruga: “Bengalas, chapéus, bonés, touquinhas, coletes, boinas militares, quem vai querer?”.

A despeito do tom satírico, são coisas populares, e às vezes "grudam"

Fonte: RONDONIADINAMICA